Em um mundo em que o sentimento pelas coisas e a opinião sobre as coisas transcende a necessidade de saber o que são as coisas, é cada dia mais difícil estabelecer-se de forma segura na realidade. Situações de grande magnitude, que deveriam ser evidentes por si sós, passam a abrir espaço para debates e preferências subjetivas. Disse G.K. Chesterton certa vez “Chegará o dia em que teremos que provar ao mundo que a grama é verde”. Talvez eu não precise pegar em armas nas próximas linhas, mas com certeza irei despertar a vontade de alguns de usar algum tipo de arma contra mim. Vamos lá, o mundo é dos bravos.
Acredito que vocês, pelo menos os mais ávidos pelos mínimos critérios, defendem a tese de que algo único precisa ter características únicas. O que faz algo ser algo é sua identidade. Parece meio óbvio, certo? E é! Se todas as coisas no universo fossem pequenos círculos verdes com raio de 12 centímetros feitas especificamente pelo mesmo tipo de plástico, tudo seria uma grande repetição e não existiria realidade.
Daí não só a beleza da diferença, mas sua necessidade. Estamos conversados? Pois bem, sigamos.
Mesmo que a mulher seja algo que povoa este mundo nos últimos 2 milhões de anos, o dia 8 de março tem suas origens em um espaço de tempo, e em um certo tipo de mulher, limitado. A simbologia do dia 8 de março, que é alastrada a todas as mulheres de todos os tempos, tem suas origens em fenômenos sindicalistas do século XX. A homenagem trata-se de um tributo a trabalhadoras vítimas de um incêndio nos EUA em março de 1911.
Isso me intriga.
Será que dois milhões de anos de existência podem ser resumidos a um evento histórico de cunho político? Será que o ser mulher, a identidade da mulher, aquilo que a faz diferente das outras trilhões de bilhões de coisas é o sofrimento no ambiente de trabalho e a discriminação? Ser mulher é sofrimento e opressão pós-Revolução Industrial?
Ainda estamos longe da liberdade alimentar nos Estados Unidos: o direito de qualquer pessoa de cultivar, criar, produzir, comprar, vender, compartilhar e comer os alimentos que escolher da maneira que escolher. Mas pelo menos as coisas estão caminhando na direção certa.
Os defensores do leite cru afirmam que a pasteurização prejudica o valor nutricional do leite e que o leite cru não só tem um sabor melhor, mas previne alergias, protege contra doenças de pele e reduz o risco de asma.
Com a volta às aulas, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), afirmou que alunos sem vacinação em dia para Covid-19 poderão frequentar as escolas do estado.
Seguindo a mesma linha de Zema, o prefeito de Joinville (SC), Adriano Silva (Novo), também dispensou a obrigatoriedade do imunizante para matrículas na rede escolar do município catarinense.
Ambas manifestações têm sido muito politizadas e, na minha opinião, sem o menor sentido. Afinal de contas, a imensa maioria dos países domundo não adota a vacinação compulsória para Covid-19 em crianças.
Nações como Noruega, Reino Unido, Alemanha, Austrália, Espanha, Chile, Colômbia e até Argentina, do ex-presidente Alberto Fernandes, não teve a obrigatoriedade da vacina.
O Uruguai, por exemplo, não recomenda o imunizante de maneira rotineira para crianças e grupos não vulneráveis, inclusive exige receita médica. Difícil é achar o país em que a vacina seja indiscriminadamente obrigatória.
A própria Organização Mundial de Saúde (OMS) afirma que as crianças saudáveis que não integram o grupo de risco não deveriam ter a compulsoriedade da dose contra Covid-19.
O objetivo do governo federal e sua militância é manter anarrativa contra a direita e chamar aquele que é contra a obrigatoriedade denegacionista, criminoso, bolsonarista.
Aliás, foi isso que fizeram matérias de jornais com o governador Zema, por exemplo, o chamando de bolsonarista por ter tomado essa medida, que já foi adotada por inúmeros países.
Felizmente, não estamos mais em meio a uma pandemia e não émais razoável exercer esse autoritarismo. Precisamos proteger o direito dos pais, de tomar a melhor decisão junto com o médico de confiança sobre vacinarou não a criança contra a Covid.
Liberdade para os pais é fundamental e é isso o que Zema e outros governantes estão fazendo. Lamentavelmente, a vacina da Covid está sendo usada como instrumento de guerra política, por gente que ignora todas as informações citadas aqui e ainda se diz a favor da ciência.
O grande prejuízo que é garantido em manter a obrigatoriedade da vacina como condição para a matrícula em escolas é o risco do crescimento na evasão escolar, além de penalizar as crianças ao limitar o acesso à educação.
Há quase dois milênios, alguns dos primeiros seguidores de Cristo em Jerusalém se organizaram de um jeito que ainda suscita a alegação de que as raízes do Cristianismo são socialistas, comunitárias ou até mesmo “comunistas”. Quando celebramos o nascimento de Jesus, devemos compreender que essa afirmação é espúria, se não blasfema.
Suas fontes são duas passagens do livro de Atos, do Novo Testamento, capítulo 2, versículos 44-45, que afirmam: “Todos os que criam estavam juntos e unidos e repartiam uns com os outros o que tinham. Vendiam as suas propriedades e outras coisas e dividiam o dinheiro com todos, de acordo com a necessidade de cada um.” Atos 4:32 declara: “Todos os que creram pensavam e sentiam do mesmo modo. Ninguém dizia que as coisas que possuía eram somente suas, mas todos repartiam uns com os outros tudo o que tinham.”
Muitos na esquerda argumentam que o ensino cristão deveria rejeitar a propriedade privada e endossar um sistema socialista de redistribuição de riqueza. Afinal, não foi isso o que os primeiros cristãos fizeram?
Examine mais atentamente essas passagens em Atos. O arranjo “comunitário” era voluntário. Não há compulsão nem menção à única instituição na sociedade que pode empregar a compulsão de forma legal, nomeadamente, o estado.
Atos 2:46 observa que esse grupo de cristãos primitivos “nas suas casas partiam o pão e participavam das refeições com alegria e humildade” (ênfase adicionada). Se ainda possuíam casas, alguns, pelo menos, claramente não venderam tudo. Aqueles que o fizeram trouxeram o dinheiro das suas vendas aos apóstolos, não a qualquer governo – romano ou judeu, secular ou religioso.
Cristãos vêem Deus como o criador de todas as coisas e, portanto, como o dono de todas as coisas. Os seres humanos são administradores da Criação, e somos chamados pelas Escrituras a fazer bom uso dela. É provável, neste sentido transcendente, que alguns dos primeiros cristãos pensassem que sua riqueza material não era, em última análise, deles.
De qualquer forma, o socialismo não é a partilha voluntária dos bens de alguém. Qualquer um pode optar por fazer isso sob a antítese do socialismo, o capitalismo. Na verdade, ocorre mais filantropia nas sociedades capitalistas do que nas socialistas, e os governos dos países capitalistas estão constantemente enviando “ajuda externa” aos regimes mais socialistas, e não o contrário.
Dias atrás, um vídeo de Francis Fukuyama viralizou. No vídeo, o cientista político chamou a liberdade de expressão e um mercado de ideias de “noções do século XVIII que realmente foram desmentidas (ou mostradas como falsas) por muito do que aconteceu nas últimas décadas”.
Fukuyama então reflete sobre como um regime de censura poderia ser decretado nos Estados Unidos.
Mas a questão então se torna: como você realmente regula o conteúdo que você acha que é nocivo, prejudicial e afins — e faz isso de uma maneira que seja consistente com a Primeira Emenda da constituição americana? Agora, acho que você pode ultrapassar um pouco os limites porque a Primeira Emenda não permite que você diga o que quiser. Mas entre as democracias liberais, a Primeira Emenda está entre as mais expansivas de qualquer democracia desenvolvida.
E você pode imaginar um mundo futuro em que nós meio que relativizamos a liberdade de expressão garantida pela constituição e dizemos não, agora nós vamos ter uma lei mais próxima da da Alemanha onde podemos designar, ou melhor, o governo pode designar, algo como discurso de ódio e depois impedir a disseminação disso. Mas a questão então é, politicamente, como você vai chegar lá?
Francis Fukuyama
Deixando de lado o fato de que o regime de censura de que Fukuyama está falando já está aqui, é importante considerar a admissão por trás de suas palavras.
Francis Fukuyama é frequentemente associado ao movimento neoconservador. E isso por um bom motivo. Ele foi ativo no neoconservador Projeto para um Novo Século Americano e ajudou a liderar a pressão para a invasão do Iraque em 2003. Mas mais tarde voltou-se contra a guerra e renunciou ao neoconservadorismo, então ele talvez possa ser melhor entendido como um representante intelectual do establishment de Washington.
Fukuyama é mais conhecido por seu livro de 1992 O fim da história e o último homem. O livro argumenta que a democracia liberal representa o ponto final da evolução ideológica da humanidade e a forma final de governo por causa de sua vitória sobre o fascismo, o socialismo e sua suposta falta de contradições internas.
Se houve um momento em que essa ideia ressoou, foi em 1992. A União Soviética havia desaparecido, e o governo dos EUA, recém-saído de sua sólida derrota do Iraque de Saddam Hussein, era a entidade individual mais poderosa da história.
Mas, ao mesmo tempo, um meio inteiramente novo para a informação estava surgindo rapidamente. Em 1996, um engenheiro de software chamado Dave Winer decidiu hospedar seu boletim informativo na World Wide Web. O resultado foi o primeiro web log, ou blog. Ele o chamou de DaveNet. À medida que os blogs começaram a pegar, os autores podiam alcançar seus leitores diretamente, sem filtros, editores ou restrições de espaço.
Não se pode subestimar o efeito desse desenvolvimento. Mas isso é melhor explicado por Martin Gurri em seu livro de 2014 The Revolt of the Public and the Crisis of Authority in the New Millennium. Gurri postula que ao longo da história humana “a informação não cresceu incrementalmente… mas expandiu-se em grandes pulsos ou ondas que varrem a paisagem humana e deixam pouco intocado.”
Segundo Gurri, a primeira onda de informação veio com a invenção da escrita. A segunda foi desencadeada pelo desenvolvimento dos alfabetos. Essas ondas deram origem a governos e sociedades liderados por castas burocráticas e sacerdotais letradas. A terceira onda veio com a invenção da prensa tipográfica. De repente, o monopólio do ancien régime sobre a informação foi quebrado. O resultado foi uma mudança política radical — mais notavelmente a Reforma Protestante e as Revoluções Americana e Francesa.
Central para a tese de Gurri é a ideia de que essas revoluções não ocorreram por causa de uma mudança repentina nos sentimentos do público, mas porque mudanças abruptas no espaço da informação permitiram que sentimentos que já estavam lá se espalhassem e se desenvolvessem fora do controle das classes dominantes.
A quarta onda veio com a adoção dos meios de transmissão — rádio e televisão — durante o século XX. Embora essa onda tenha sido certamente disruptiva, a dominação antecipada das ondas de rádio pelo governo tornou mais fácil para a classe política manter o controle sobre o espaço de informação.
Mas o mesmo não se pode dizer da quinta onda: a revolução digital. Apenas dois anos após o lançamento do DaveNet, outro blog, o Drudge Report, circularia pela imprensa do establishment e divulgaria a história que levou ao impeachment de Bill Clinton.
Dez anos depois, quando mais uma crise financeira tomou conta do país, a internet permitiu que verdadeiros movimentos de oposição de base se organizassem e se espalhassem — o Occupy Wall Street, à esquerda, e o Tea Party, à direita. Também permitiu que candidatos como Ron Paul fizessem campanhas populares críticas ao establishment de Washington.
A internet não permitia apenas que as pessoas vissem e ouvissem opiniões discordantes, mas também que elas vissem que essas opiniões eram populares.
E por causa disso, desde a Primavera Árabe até a passagem do Brexit, o enfraquecimento do controle político sobre o espaço da informação começou a levar a mudanças reais em todo o mundo. Mas nos Estados Unidos, depois que Donald Trump ganhou a Casa Branca, a classe política acordou para o que estava acontecendo. E eles decidiram fazer algo a respeito.
No início, era desinformação russa, depois extremistas domésticos odiosos e, mais tarde, céticos da covid. O establishment usou qualquer bicho papão ou espantalho que eles consideraram que poderia assustar o público a aceitar mais controle político sobre o espaço online. O que nos traz de volta a Fukuyama.
De certa forma, ele está certo. Era muito mais fácil para o establishment de Washington agir como se apoiasse a liberdade de expressão e a livre troca de ideias quando controlava o espaço de informação. Mas agora que a internet reverteu parcialmente seu controle, essas ideias foram “desmentidas” aos seus olhos.
Para aqueles como Fukuyama, que querem que o establishment de Washington mantenha seu intervencionismo cada vez maior no país e no exterior — financiado por dívidas e inflação insustentáveis — a revolução digital é motivo de preocupação. Mas para aqueles de nós que entendem que nossas questões econômicas, geopolíticas e culturais exigem mudanças radicais, é um motivo para ter esperança.
A burrice é uma das piores características do ser humano. Porque ignorante do que tem obrigação de saber, comete os erros mais estúpidos possíveis. Pior de tudo: sem ter a noção da gravidade de si mesma, segue sendo burra.
O dia 8 de janeiro não foi uma explosão inesperada, foi a apoteose de meses de preparativos.
Tudo começou com idolatria imbecil de militares. Ignorante da praga que foi o governo militar, que além de matar a direita na figura de Carlos Lacerda lá no seu começo, arruinou a economia e montou um estado gigantesco que entregou de mão beijada para a esquerda.
A onipresença social da esquerda em escolas, universidades, sindicatos e na política foi obra dos militares que, 20 anos depois, foram elencados pelo bolsonarismo como “salvadores”.
O processo de emburrecimento não afetou apenas as bases, mas também a cúpula. Enquanto Lula escolheu um vice que foi por mais de dez anos no estado em que o petismo teve seu pior desempenho nas eleições de 2018, Bolsonaro escolheu Braga Netto. O general tão conhecido no Brasil quanto o príncipe soberano Hans Adam II, de Liechtenstein.
Após a divulgação dos resultados eleitorais, uma multidão se reuniu diante dos quartéis, esperando que os militares interviessem para “salvar” o país. O clima de conspiração engolfava qualquer tentativa de racionalidade e, dia após dia, a convicção de que os militares não tomariam nenhuma medida deu espaço ao desespero crescente de que era necessário agir.
Então, uma semana após a posse do presidente Lula, milhares se dirigiram a Brasília para uma grandiosa manifestação em um fim de semana.
Certa vez Nietzche escreveu que “a loucura é uma exceção nos indivíduos, mas a regra nos grupos.” O dia 8 de janeiro deveria carregar essa frase consigo. Temperado por desespero e burrice, o evento não tinha como não dar errado. Como deu!
Em uma Brasília deserta, milhares de bolsonaristas e simpatizantes desarmados, acompanhados por crianças e idosos, decidiram que depredar patrimônio público poderia preencher a lacuna da ação militar que não veio. A quebradeira em 2023 não foi a primeira. Nada que Brasília nunca tenha visto em dia de semana em 2006, 2013 2014 e 2017. Só que a quebradeira, nestas feitas, se deu pelos “movimentos sociais”. Então, melhor deixar para lá.
Televisionados em tempo real para todo o país, os vândalos irresponsáveis desarmados foram transformados em terroristas sanguinários que pretendiam tomar o poder no país sem trazer consigo nem um mísero estilingue.
O que se deu após o dia 8 de janeiro foi uma esperada e organizada propaganda que tratou de demonizar vândalos. Então veio o Judiciário, aquele mesmo que costuma libertar traficantes que carregam milhares de assassinatos nas costas, aplicando penas implacáveis contra pessoas que nem sequer estavam em Brasília no dia 8. Caso do despachante Juliano Martins, que ficou quatro meses presos acusado por participar do ato em Brasília mesmo não estando em Brasília.
Sema anistia, gritam uns. Bem, Cleriston Pereira da Cunha não terá anistia. Réu primário, morreu no presídio da Papuda sem ser condenado após o ministro Alexandre de Moraes negar-lhe a liberdade necessária para cuidar de sua combalida saúde.
É fato que a punição seguida aos atos burros do 8 de janeiro nem de longe são merecidas. No país influencer fica livre após incentivar suicídio, é duro achar que quem quebra cadeira, porá e janela vai pegar anos de prisão. Como a dona de casa Jupira Rodrigues, de 57 anos, condenada a 14 anos de prisão por ser uma terrorista perigosa.
Apesar da injustiça e perseguições cruéis, o fato é que o dia 8 poderia ser evitado se toda a cadeia de burrice que levou a ele tivesse sido evitada.
No fim, essas pessoas foram vítimas da própria ignorância. Deram aos seus algozes tudo, e mais um pouco, que eles precisavam para anestesiar o país por alguns meses. Só foram execradas pela opinião pública e covardemente condenadas pelo Judiciário porque, meses antes, deixaram-se trancafiar no calabouço da ignorância.
Uma ignorância que começou na idolatria por militares que, para bons conhecedores da história, sempre atuaram para piorar as coisas no Brasil.