
MARANHÃO, 06 de maio de 2025 – Em discurso sobre o assassinato do Tenente Coronel André Felipe, o deputado Dr. Yglésio fez duras críticas ao sistema de segurança pública e listou uma série de deficiências estruturais.
“Tem que ser desfeito esse pacto com essas facções, de tratar facção com diálogo. Tem que ‘descer o cacete’ em facção aqui no Maranhão!” A crítica, é claro, não era só à criminalidade crescente, mas também à forma carinhosa com que o sistema trata quem transgride.
“Como é que um vagabundo daquele, 21 anos de idade, um vagabundinho como aquele, entra com advogado pago pela facção. A gente tem que fazer essa reflexão. Porque não era para ter proteção da facção a um cidadão como aquele, e está lá, claramente, eles contam com a leniência do nosso processo penal frágil. Volto a dizer: o cara estava com o mandado de prisão em aberto por roubo, duas semanas que não foi cumprido, e a resultante inequívoca disso foi o fim da vida de um valoroso membro da Polícia Militar.”
Na oportunidade, Yglésio relembrou o episódio de uma audiência de custódia em que uma juíza “perguntava ao bandido se ele queria um café e um cobertor”. Um retrato, segundo ele, do “banditismo romantizado no Brasil”.
E citou, ainda, casos emblemáticos como o do jornalista Décio Sá e do também jornalista Maldine Barros, ambos assassinados e cujas investigações — adivinhe — não deram em nada.
O deputado sugeriu, como quem revela um segredo mal guardado, que “as facções comandam o crime lá de dentro de Pedrinhas” com uma tranquilidade que faria inveja a qualquer CEO. Afinal, organização é o que não falta.
O deputado não precisou dizer diretamente que o Estado age como cúmplice.
“Quando a gente pega, por exemplo, e vê o Lewandowski, à frente do Ministério da Justiça, como tinha o Flávio Dino antes subindo em morro, que a Polícia Militar não sobe, com a maior tranquilidade, a gente tem a certeza de que com esta administração do país não tem perspectiva de vitória sobre a bandidagem. Ao contrário, tem a conivência, existe a conivência clara da alta cúpula do Governo Federal com a bandidagem.
A cereja do bolo, porém, foi sua defesa do armamento civil, proposta com veia estatística e pitada de sarcasmo: “Hoje, o bandido sai de casa sabendo que tem 0,5% de chance de encontrar alguém armado. Agora imagine se fossem 15%…”
E completou: “No Brasil, é um parto eterno conseguir um porte de arma. Parece que o meu foi o único que saiu este ano no Maranhão”.
Yglésio encerrou com uma comparação: “No Brasil, 15,3 homicídios por 100 mil habitantes; nos Estados Unidos, 5,9. Lá, o cidadão pode se defender. Aqui, só o bandido tem esse privilégio”. Ou, como o deputado ironizou: “Eles têm até mais armas do que a polícia, mais novas inclusive, e ainda treinam mais”.