BRASIL, 22 de julho de 2024 – Um artigo da revista britânica The Economist, publicado na última quinta (18), aponta que o governo Lula leva Brasil ao caminho do declínio.
De janeiro até a metade de junho de 2024, o real acumulou uma desvalorização de 17% em relação ao dólar, registrando o pior desempenho entre as principais moedas globais. Além disso, a bolsa de valores caiu 8%, apesar da recuperação em outros mercados emergentes.
A publicação atribui esses resultados ao ceticismo dos investidores sobre o compromisso de Lula (PT) com políticas fiscais e monetárias responsáveis e ao seu retorno a uma abordagem de Estado grande.
Em resposta, Lula e sua esposa, Janja, têm intensificado o apoio ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para reduzir o déficit fiscal. O mercado reagiu positivamente, com o real valorizando cerca de 5% e o Ibovespa também apresentando alta.
No entanto, The Economist observa que a situação continua incerta. O governo Lula é criticado por altos níveis de gasto e por interferências em empresas estatais.
Um exemplo é o próximo término do mandato de Roberto Campos Neto como presidente do Banco Central, que, apesar de sua independência desde 2021, pode ter seis dos nove novos membros indicados por Lula.
A preocupação imediata gira em torno das finanças públicas. Após dois anos de superávits primários, o Fundo Monetário Internacional (FMI) estima que o Brasil registrou um déficit primário de 2% do PIB em 2023, prevendo uma redução para 0,7% este ano.
The Economist aponta que a política fiscal frouxa requer uma política monetária restritiva para controlar a inflação, o que tem ampliado o déficit global para 9,4% do PIB, em comparação com 5,8% no período anterior.
A dívida pública, que era de 60% do PIB em 2011, pode atingir 95% em 2029, segundo o FMI.
O artigo também ressalta que o aumento dos gastos de Lula não é totalmente oriundo do governo anterior, de Jair Bolsonaro (PL). Os gastos deste ano subiram 13% em termos reais em relação ao ano passado.
Lula também ampliou os benefícios sociais, aumentando o salário mínimo acima da inflação, o que elevou os gastos com segurança social em 10% anuais, e introduziu novas políticas industriais que devem custar R$ 1,3 bilhão até 2026.
Para conter a dívida, Haddad estabeleceu um novo arcabouço fiscal, que limita o crescimento dos gastos do governo a 2,5% reais por ano e prometeu eliminar o déficit primário neste ano.
No entanto, em abril, ele pediu ao Congresso que suavizasse as metas fiscais, gerando temores de que o governo não esteja comprometido com o equilíbrio das contas.
A pressão sobre o Banco Central e a dificuldade em reduzir a Selic, atualmente em 10,5%, são fatores adicionais de preocupação. O Partido dos Trabalhadores (PT) moveu uma ação contra Campos Neto para impedir declarações políticas, complicando ainda mais a política monetária.
Embora The Economist não preveja uma crise financeira imediata devido às reservas de US$ 360 bilhões do Banco Central, a revista adverte que o Brasil não pode se dar ao luxo de ser complacente.
O envelhecimento da população, o aumento dos gastos com a Previdência, a estagnação da produtividade, a deficiência na educação e a infraestrutura deficiente são desafios que permanecem.
O artigo conclui que, apesar das expectativas de que preços elevados de matérias-primas e subsídios possam reanimar a economia, há poucas evidências de que essa abordagem seja eficaz.