Algumas ideias espalham-se com grande sucesso não apesar de serem estúpidas, mas precisamente porque o são. A estupidez maciça exerce um poder anestésico e paralisante sobre a inteligência humana, detendo o seu movimento natural e fazendo-a girar em falso em torno de alguma crença idiota por anos, décadas ou séculos, incapaz de livrar-se do seu magnetismo perverso ou de pensar o que quer que seja fora do círculo de ferro da idiotice consagrada.
O exemplo mais assombroso é este:
É impossível descobrir ou traçar qualquer conexão lógica entre as liberdades civis e a estatização dos meios de produção. São esquemas não somente heterogêneos, mas antagônicos. Antagônicos lógica e materialmente.
Qualquer garoto de ginásio pode compreender isso tão logo lhe expliquem o sentido dos dois conceitos. A candura com que tantos homens adultos falam em “socialismo com liberdade” – isto quando não chegam a acreditar que essas duas coisas são a mesma, ou que uma decorre da outra com a naturalidade com que as bananas nascem das bananeiras – é a prova inequívoca de uma deficiência intelectual alarmante, que desde há um século e meio se espalha sem cessar pelas classes cultas, semicultas e incultas com a força avassaladora de uma contaminação viral, sem dar sinais de arrefecer mesmo depois que a experiência histórica comprovou, de maneira universal e repetida, aquilo que poderia ser percebido antecipadamente por mera análise lógica e sem experiência histórica alguma.
Hoje escrevo afastado do monótono cotidiano: me volto para as razões do coração, relembrando minha gratidão eterna a Odylo Costa, filho, que me deu a felicidade de ser o meu melhor amigo — amizade esta que extrapolava para Nazareth, sua mulher, e seus filhos.
Odylo foi o maior jornalista do seu tempo. Ele não se esgotou no que escrevia, mas modernizou o conteúdo e a forma da imprensa, quando editou o Jornal do Brasil e promoveu uma revolução que logo viralizou (para usar uma expressão de hoje), como com Pompeu de Souza, no Diário Carioca.
Odylo não era uma só pessoa, mas duas almas que se completavam: ele e Nazareth. Tanto que em São Luís, capital do Maranhão, sua terra natal, havia uma velha e tradicional rua chamada Rua de Nazareth. A Câmara Municipal mudou esse nome, pois percebeu que algo estava errado, e passou sua denominação para Rua de Nazareth e Odylo. Eram dois, mas apenas um.
Uma das leis mais indiscutíveis da política versa a respeito da ausência de espaço vazio. Não existe lacuna na política. Sempre será ocupado por alguém. Seja por méritos próprios, falta de concorrência ou simplesmente por desleixo de adversários. Desde 2020, Eduardo Braide cresce no espaço vazio que as circunstâncias lhe proporcionaram. Se continuar assim, chegará a 2026 com musculatura política que deveria preocupar o Palácio dos Leões.
Por que Eduardo Braide deveria ser uma preocupação para o grupo capitaneado por Carlos Brandão? Primeiro, partimos do pressuposto de que ele demonstra diuturnamente certa predisposição para disputar as eleições de 2026. Por quê? Por que saiu vitorioso das eleições de 2024? E, mesmo assim, dá a entender que vai manter a ofensiva publicitária e política sobre o eleitor da capital.
Braide está reeleito. A manutenção das táticas que o fizeram um dos prefeitos mais populares de São Luís evidencia seu desejo de consolidar-se ainda mais na capital. E essa consolidação, invariavelmente irá ecoar pelo resto do estado.
Pode ser que não aconteça, mas Braide sugere que planeja se candidatar em 2026.
GOVERNO LENIENTE
Quando Braide assumiu a Prefeitura em 2020, esperava-se que coubesse ao ex-governador Flávio Dino o confronto político com o prefeito oposicionista. Contudo, Flávio transformou-se em um político de abrangência nacional e seu embate com o prefeito perdeu importância. Sem adversários, Braide ainda contou com a sorte de assumir São Luís em seu melhor momento orçamentário em todos os tempos.
Para completar o cenário, o prefeito ainda contou com a oposição quebradiça de uma câmara de vereadores. Uma mistura de trampolim e saco de pancada que, a cada movimento contra Braide, deixava o prefeito mais e mais fortalecido.
As disputas internas no grupo após a saída de Flávio Dino deixaram Braide ainda mais confortável. Além disso, a falta de convicção sobre a candidatura do deputado federal Duarte Jr, deixou o prefeito mais livre no período que antecedeu a eleição.
Mesmo assim, a ausência de oposição e estratégias definidas (que deveria passar pelo fortalecimento de Duarte Jr no período anterior à eleição) pode ser justificada. O governo foi leniente politicamente em relação à São Luís.
FUTURO
Faltam dois anos para a eleição de 2026. Pleito que irá definir a consolidação do gripo comandado por Brandão, ou deixar a política em aberto. Caso Braide mantenha seu viés de crescimento sem ser incomodado, chegará muito mais forte do que já é hoje. EstEstará em condições de ser um candidato competitivo.
Neste aspecto, só restaria ao governo dar ao deputado federal Duarte Jr o apoio total que só lhe é dado de forma parcial em época de campanha desde já. A única tática no horizonte, como já mostrou o passado, seria a revalidação da Gerência Metropolitana. Ter Duarte Jr como ocupante do cargo, com influência transversal em todos os erviços, seria um grande problema para Braide.
Mas, ainda resta o mais radical dos futuros na linha do horizonte. Braide também pode chegar a 2026 não como adversário, mas como aliado. Serão duas vagas para o Senado. Caso Braide se predisponha a apoiar o governo, será dificilmente negada uma destas duas vagas a ele.
Possibilidade impossível? Nunca! Braide e Brandão são frutos da mesma árvore chamada Zé Reinaldo Tavares. Uma composição entre os dois tornaria a eleição fácil.
Na Carta Maior desta semana, uma professora de ciências políticas da Universidade Federal de Pelotas, Luciana Ballestrin, adverte que enxergar alguma hegemonia comunista nas instituições superiores de ensino é “paranóia” e insinua que, ao contrário, o verdadeiro perigo que se esboça no horizonte nacional é o do fascismo.
A prova que ela oferece desse deslumbrante diagnóstico é que três pessoas reclamaram contra o comunismo universitário. Firmemente disposta a dizer qualquer coisa contra essas três minguadas vozes, ela as acusa, ao mesmo tempo, de provir de “um gueto” e de obter “grande repercussão na mídia”.
É notório que, entre os estudantes universitários brasileiros, quatro em cada dez são analfabetos funcionais. Temo que entre os professores da área de humanas essa proporção seja de nove para dez. A profa. Ballestrin é mais um exemplo para a minha coleção. Ela fracassa tão miseravelmente em compreender o significado das palavras que emprega, que no seu caso o adjetivo “funcional” é quase um eufemismo.
Desde logo, se os direitistas vivem num “gueto”, quem os colocou lá? Enclausuraram-se por vontade própria ou foram expelidos da mídia, das cátedras e de todos os ambientes de cultura superior pela política avassaladora de “ocupação de espaços” que a esquerda aí pratica desde há mais de meio século? Um gueto, por definição, não é um hotel onde a minoria se hospede voluntariamente para desfrutar os prazeres de uma vida sombria, fechada e opressiva, sem perspectivas de participação na sociedade maior. É uma criação da maioria dominante, um instrumento de exclusão usado para neutralizar ou eliminar as presenças inconvenientes. A maior prova de que o esquerdismo domina o espaço é que a direita vive num gueto. Ao acusá-la precisamente disso, essa porta-voz do esquerdismo oficial só dá testemunho contra si própria.
Com igual destreza ela maneja a segunda acusação: a de que as três vozes obtiveram “grande repercussão na mídia”. Que grande repercussão? Alguma delas foi manchete de um jornal, foi alardeada no horário nobre da Globo, deu ocasião a uma série infindável de reportagens, congressos de intelectuais e debates no Parlamento como acontece com qualquer denúncia de “crimes da ditadura” ocorridos cinqüenta anos atrás? Nada disso. Foram apenas noticiadas aqui e ali, discretamente, num tom de desprezo e chacota. Mas, para a profa. Ballestrin, mesmo isso já é excessivo. Ela nem percebe que, ao protestar que três direitistas saíram do gueto, ela os está mandando de volta para lá.
SÃO LUÍS, 10 de outubro de 2024 – Como foi o desempenho dos oito candidatos que disputaram as eleições 2024 em São Luís? Abaixo, uma breve análise sobre cada um deles.
Saulo Arcangeli (PSTU): Ficou em último com 2.451 votos, que equivalem a 0,43% do eleitorado. O candidato do PSTU foi o único que não obteve votação acima dos 4 mil votos. Visivelmente fadigado pela repetição do discurso revolucionário do partido, Arcangeli ensaiou discussões mais concernentes à realidade da cidade e abandonou os malabarismos para inserir no debate local a propagação de uma revolução comunista global. Preparado, mas sem um objetivo definido. Deve continuar a cumprir este papel nas próximas eleições.
Wellington do Curso (NOVO): Conseguiu terminar na frente apenas dos candidatos de PSTU e PSOL. Chegou a 4.409 (0,77%). Sem dúvida alguma foi o maior derrotado nas eleições deste ano. Fez uma campanha apagada e não empolgou nos debates. A história mostra um derretimento acentuado do político que, há oito anos, tinha grande influência na capital. A última vez que Wellington do Curso havia disputado uma eleição foi em 2016. Na ocasião, ele obteve 103 951 mil votos. Por pouco não disputou o segundo turno naquele ano, perdendo para Eduardo Braide, que teve 112.041 votos. Em 2018, foi o segundo deputado estadual mais votado em São Luís, com 17.328 votos. Em 2020 foi impedido de sair candidato por uma manobra entre Eduardo Braide e Roberto Rocha. 2022, foi o segundo mais votado na capital. Obtendo 15.856 votos, a tragédia: Wellington obteve apenas 4.409 votos. Wellington perdeu mais de 95% do seu eleitorado para a prefeitura na capital em oito anos. Nos próximos dois anos deve trabalhar por uma reeleição complicada para o cargo de deputado estadual.
SÃO LUÍS, 8 de setembro de 2024 – Passada a vitória esmagadora de Eduardo Braide (PSD) nas eleições do dia 6, a Câmara de Vereadores inicia as discussões sobre a eleição que deve definir a configuração da nova mesa diretora. Atual presidente, Paulo Victor (PSB), articula a reeleição. Pelo desempenho desastroso de sua gestão, não é custoso entender por que Braide deve ser o maior interessado na continuidade do ambiente que lhe foi tão propício.
Como presidente da Câmara, Paulo Victor acumula fracassos. Falhou em fazer oposição a Braide, afundou a candidatura de oito de seus aliados aos cargos, fracassou no suporte à candidatura de Duarte Jr, comandou a pior fase da Câmara em toda sua história, acumulou desafetos, envolveu-se em escândalos de corrupção, não conseguiu defender a imagem do Governo Carlos Brandão na capital e não conseguiu ser o “espocador de urnas” das eleições.
A verdade incontestável é que Braide venceu absolutamente todos os embates contra Paulo Victor. Nenhuma das vitórias foi simples ou apertada. Sempre que tentou confrontar o prefeito, Paulo Victor acabou o confronto humilhado.