
BRASIL, 02 de junho de 2025 – A atual gestão da Polícia Federal (PF), sob o comando de Andrei Rodrigues desde janeiro de 2023, realizou uma ampla reforma administrativa na corporação. Das 27 superintendências regionais do país, 26 foram substituídas — incluindo a do Maranhão. A única exceção foi o Rio Grande do Sul, estado natal do diretor-geral.
No total, treze superintendências passaram por mais de uma troca em menos de dois anos e meio, entre elas a do Maranhão. O movimento provocou mudanças significativas nos quadros de comando da corporação em todo o país.
As alterações alcançaram também todas as 13 diretorias e a corregedoria da PF. Algumas diretorias tiveram mais de um diretor no mesmo período. Coordenadores foram substituídos diversas vezes — em 12 áreas, houve ao menos duas trocas.
Oficialmente, a direção alega que as mudanças decorrem de “reestruturação interna, realocação de funções e questões pessoais”. Internamente, porém, agentes veem um ritmo de substituições maior que o dos antecessores, inclusive nas superintendências estaduais, tradicionalmente afetadas apenas nos primeiros meses de nova gestão.
Pelo menos 13 nomes ligados à atual cúpula da PF foram indicados a cargos no exterior, considerados posições de prestígio. Entre os contemplados está o ex-coordenador de Contrainteligência da Diretoria de Inteligência Policial (DIP), Thiago Rezende, enviado à Europol na Holanda duas semanas após reverter um parecer anterior e pedir o indiciamento de envolvidos na hostilização ao ministro Alexandre de Moraes em Roma.
Uma portaria criada em fevereiro estabeleceu critérios técnicos para essas nomeações, como análise curricular e entrevistas. No entanto, o próprio texto legal prevê que a palavra final pertence ao diretor-geral.
Enquanto reorganiza o alto escalão, a atual direção da PF tenta ampliar sua influência em outros órgãos. Um exemplo é a tentativa de emplacar o delegado Ricardo Saadi, atual diretor de Investigação e Combate ao Crime Organizado, no Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).
A proposta enfrenta resistência dentro do próprio governo e entre ministros do Supremo Tribunal Federal.
O Coaf é responsável por rastrear movimentações bancárias consideradas suspeitas e frequentemente alimenta inquéritos da própria PF. A possível nomeação de um delegado ao comando do órgão levanta preocupações sobre excesso de concentração de poder em uma só instituição.