
MARANHÃO, 24 de abril de 2024 – O avanço das voçorocas já destruiu, nos últimos dez anos, mais de 80 casas em Buriticupu, no oeste do Maranhão.
A cidade de 55 mil habitantes, construída sobre um platô, está cercada por 26 crateras, muitas com dimensões superiores à que assusta os moradores de Lupércio, no interior de São Paulo.
Alguns buracos chegam a ter 600 metros de extensão e até 80 de profundidade, segundo estudo da Universidade Estadual do Maranhão (Uema).
Muitas ruas da cidade terminam nos precipícios e algumas casas mais próximas das bordas foram abandonadas pelos moradores.
A moradora Berenice Souza, recepcionista no hotel Uchoa, disse que, nos últimos meses, as voçorocas estão atraindo turistas, “Tem gente que se hospeda e pergunta onde podem ver melhor.”
O estudo da Uema aponta que a ocupação desordenada, a falta de infraestrutura de calçamento e a ineficiência do sistema de drenagem aceleram o processo de erosão.
Como agravantes, os autores da pesquisa apontaram o lixo acumulado nas vias públicas e danos ambientais, como a retirada de vegetação nas bordas das erosões. Também foi registrado o hábito dos moradores de se abastecerem de areia no interior desses grotões.
A prefeitura informou que destinou recursos para assistência emergencial a mais de 80 famílias, incluindo o pagamento de aluguel social àquelas que ficaram sem moradia.
Disse ainda que o município investe recursos repassados pelo governo federal na construção de um núcleo de 89 casas populares para as famílias afetadas pelas voçorocas.
Procurado, o governo do Maranhão não se manifestou até a publicação desta reportagem.