
MARANHÃO, 18 de janeiro de 2025 – O Tribunal de Contas da União (TCU) investiga o uso de R$ 35,6 milhões em emendas parlamentares destinadas a Estreito (MA) e Aguiarnópolis (TO). Apesar do montante recebido desde 2022, nenhuma verba foi destinada à manutenção da Ponte Juscelino Kubitschek, que desabou em 22 de dezembro, provocando 17 mortes.
Parte dos recursos foi aplicada na construção de abatedouros e em shows sertanejos. O presidente do TCU, Vital do Rêgo, enfatizou a necessidade de esclarecer como essas emendas foram empregadas. “Queremos um retrato da origem e da finalidade das emendas enviadas aos dois municípios”, afirmou Vital ao jornal O Estado de S. Paulo.
A senadora Professora Dorinha Seabra (União Brasil-TO), coordenadora da bancada do Tocantins, declarou que os parlamentares locais não foram informados sobre problemas estruturais na ponte.
Em 2020, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) identificou 19 tipos de danos na estrutura, incluindo fissuras em 14 dos 16 pilares, mas não indicou risco iminente de colapso. Desde então, não foram realizadas inspeções regulares.
A senadora Eliziane Gama (PSD-MA), coordenadora da bancada maranhense, revelou que o Dnit não solicitou recursos específicos para a manutenção da ponte. Em maio, o órgão abriu um edital para reparos, mas todas as 12 empresas participantes foram desclassificadas por não atenderem aos requisitos.
Equipes do TCU foram enviadas aos municípios afetados para apurar o uso das emendas. Vital do Rêgo destacou a necessidade de maior atenção à aplicação de recursos em infraestrutura crítica, como pontes e rodovias. Ele reforçou que sua gestão no TCU dará prioridade ao acompanhamento do uso de emendas parlamentares.
O diretor-geral do Dnit, Fabrício Galvão, admitiu possíveis falhas do órgão e reconheceu a necessidade de uma análise aprofundada. “O Dnit monitora 6,2 mil pontes no país, com superintendências regionais responsáveis pelas inspeções diárias. Precisamos entender o que ocorreu”, afirmou Galvão.