BRASÍLIA, 06 de setembro de 2023 – Na terça (5), a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Organizações Não Governamentais (ONGs) ouviu o professor Luiz Carlos Molion, da Universidade Federal de Alagoas, que contestou a ideia de que o desmatamento da Amazônia tenha um impacto significativo no clima global.
Durante seu depoimento, Molion argumentou que a fonte de umidade para regiões fora da Amazônia é o Oceano Atlântico tropical, não a floresta, e questionou as bases científicas de um artigo do Vaticano que liga a Amazônia à distribuição das chuvas no continente. Além disso, Molion enfatizou a influência de fenômenos meteorológicos como o El Niño nas variações climáticas intensas observadas historicamente.
“Não vem umidade nenhuma da Amazônia, porque, se fosse ela a fonte de umidade, ela secaria e se transformaria num deserto ao longo dos milhares de anos. Quer dizer, isso é a prova por absurdo de que ela está perfeitamente em equilíbrio e, portanto, a umidade vem do Oceano Atlântico”, declarou o professor, que é PhD em meteorologia com pós-doutorado em hidrologia de florestas.
O professor destacou que o desmatamento da Amazônia já foi mais significativo no passado, citando dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) que apontam para períodos de desmatamento mais alarmantes nas décadas passadas. Atualmente, o desmatamento está em torno de 10 mil quilômetros quadrados por ano, e Molion argumentou que seria impossível atingir um ponto irreversível na destruição da floresta devido ao seu rápido processo de regeneração.
“O bioma amazônico tem 5,5 milhões de quilômetros quadrados. Então, dividam 5,5 milhões por 9 mil e vocês vão ver que desmatar a Amazônia sem permitir crescimento de volta é impossível, levaria 600 anos. Então é impossível isso e nós sabemos que a floresta se recupera rapidamente. Quantos trechos da Transamazônica que não estavam sendo usados foram tomados pela floresta de volta?”.
Sobre o mercado de carbono, Molion considerou-o uma solução para um problema que não existe, e ele chamou a atenção para o fato de que a mídia não dá a mesma ênfase ao desmatamento em países como Canadá, Rússia e Noruega.