
BRASÍLIA, 15 de abril de 2025 – Deputados de partidos que integram a base aliada do presidente Lula assinaram o pedido de urgência para o projeto de lei que propõe anistia aos condenados pelos atos de 8 de janeiro.
O documento foi protocolado nesta segunda (14) com apoio de 264 parlamentares, superando as 257 assinaturas mínimas exigidas.
Dos signatários, 55% pertencem a legendas com ministérios e 61% a partidos que ocupam cargos no segundo escalão do governo. O requerimento poderá levar o texto diretamente ao plenário, se o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), decidir incluí-lo na pauta. Até o momento, Motta tem buscado alternativas jurídicas junto ao STF.
No Sul e Centro-Oeste, o apoio foi expressivo — mais de 70% dos deputados aderiram ao requerimento. Já no Nordeste, região onde o governo mantém forte presença, o entusiasmo com a proposta não foi o mesmo: só 33% dos parlamentares assinaram. No Sudeste, o placar ficou dividido.
Destaque para Rondônia, onde os oito deputados federais endossaram a anistia. Em Alagoas e na Paraíba, o silêncio foi quase unânime.
No PL, dois nomes chamaram atenção pela ausência: Antônio Carlos Rodrigues (SP), ex-ministro de Dilma Rousseff, e Robinson Faria (RN), que negocia sua saída do partido. Ainda assim, os demais 90 deputados da sigla assinaram.
Entre os aliados com presença ministerial, o PP se destacou: 35 dos seus 48 deputados apoiaram o requerimento. O presidente da legenda, senador Ciro Nogueira (PI), atuou pessoalmente na articulação.
No União Brasil, 40 dos 59 deputados assinaram. O partido também tenta garantir espaço no Ministério das Comunicações com o nome do deputado Pedro Lucas Fernandes (MA), após a saída de Juscelino Filho.
Republicanos, MDB e PSD — todos com ministérios — também contribuíram com assinaturas: 28, 20 e 23, respectivamente. Curiosamente, no MDB, nenhum deputado do Nordeste aderiu. Já no Pará, apenas um parlamentar assinou, apesar dos esforços do governador Helder Barbalho, interessado na vice-presidência em 2026.
Até partidos menores com cargos no governo, como Podemos, PRD e Avante, marcaram presença. As três legendas somaram 16 assinaturas, e parte de seus deputados ocupa cargos de vice-liderança no Congresso.
Com tantos apoios vindos de quem está dentro do governo, ainda que por portas laterais, o projeto avança.
“Diante da pressão covarde do governo para retirada de apoios, antecipei a estratégia”, afirmou o deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), em publicação nas redes sociais. “Agora está registrado e público: ninguém será pego de surpresa.”