
BRASÍLIA, 25 de março de 2025 – O governo Lula lançou na sexta (21) o Crédito do Trabalhador, modalidade de empréstimo consignado para funcionários da iniciativa privada. Com juros menores e desconto direto na folha de pagamento, a iniciativa já registrou mais de 40 milhões de simulações em três dias.
No entanto, especialistas alertam que a facilidade pode elevar o endividamento, principalmente entre a população de baixa renda.
Segundo a FGVcemif, o programa pode incentivar a troca de dívidas antigas por novas, ampliando o comprometimento da renda. Além disso, instituições financeiras podem intensificar ofertas agressivas, aumentando o risco de superendividamento.
Dados de 2023 mostram que 72 milhões de brasileiros já estão negativados, reflexo do crescimento do crédito para consumo e das altas taxas de juros no país.
O prazo de pagamento varia de 48 a 60 meses, com juros anuais em torno de 21%. Para aposentados, o limite chega a 96 meses. A portabilidade de dívidas entre bancos só estará disponível a partir de junho, o que pode levar a contração de novos empréstimos antes da renegociação.
Apesar de ser mais barato que outras modalidades, o consignado representa 17% dos empréstimos no país, atrás apenas do cartão de crédito (53%). Lauro Gonzalez, da FGV, destaca a necessidade de cautela, já que muitas famílias já destinam parte significativa da renda ao pagamento de dívidas.