VIDA IGNORADA

Negligência estatal custa a vida de criança no Maranhão

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Criança descaso
Entre liminares e atrasos, Estado do Maranhão deixa criança cardiopatia congênita perder a vida após anos de atrasos, burocracia e descaso do poder público.

MARANHÃO, 06 de maio de 2025 – Maria das Dores segurava o corpo sem vida da criança Isadora quando decidiu tornar pública sua batalha de cinco anos contra o sistema de saúde maranhense.

A menina de quatro anos, diagnosticada ainda na gestação com hipoplasia do coração esquerdo – uma das cardiopatias congênitas mais graves – não resistiu às complicações de uma terceira cirurgia realizada tarde demais.

“Minha filha morreu por negligência do Estado”, acusa a mãe, mostrando a pilha de documentos judiciais que precisou protocolar para garantir cada um dos procedimentos que deveriam ser direitos, mas se transformaram em favores concedidos a duras penas.

A trajetória de Isadora pelo sistema público foi marcada por esperas intermináveis. A primeira cirurgia, que deveria ocorrer até os seis meses de vida, só aconteceu após nove meses e uma ordem judicial. A segunda, novamente adiada, exigiu nova intervenção da Justiça.

Quando chegou a hora da terceira e última intervenção, prevista para dezembro de 2024, o sistema falhou mais uma vez: o governo alegou ter repassado os R$ 280 mil necessários, mas o procedimento foi travado por uma disputa burocrática sobre o valor das passagens aéreas para São Paulo.

Enquanto o judiciário entrava em recesso e discutia os R$ 10 mil do translado, a criança perdia sua janela de oportunidade médica. A cirurgia, realizada apenas em março de 2025, já não pôde salvá-la.

Na oportunidade, o deputado Carlos Lula subiu à tribuna da Assembleia Legislativa nesta terça (6) e falou sobre os desafios da saúde infantil. “Omissão tem custos. São crianças que poderiam ter sido salvas com menos burocracia”.

O parlamentar, que foi secretário estadual de Saúde, alegou ter “ampliado muito a rede pediátrica”, mas admitiu que “nos últimos anos, a ampliação parece ter parado”.

Em nota, o governo do estado se posicionou.

“A Secretaria de Estado da Saúde (SES) informa que a paciente Isadora Alves dos Santos foi diagnosticada, ao nascer, com Síndrome de Hipoplasia do Coração Esquerdo, uma cardiopatia congênita grave que exige cirurgia cardíaca pediátrica em três etapas. Mesmo internada no Hospital Universitário Presidente Dutra (HUUFMA), unidade federal habilitada para esse tipo de procedimento, a instituição informou não ter condições de realizar a cirurgia. Diante disso, e após decisão judicial em 5/9/2020, a SES adotou as providências necessárias e identificou o Hospital da Criança e Maternidade de São José do Rio Preto–SP como referência no tratamento. A primeira cirurgia foi custeada pelo Estado (R$ 332.039,00), com envio da paciente via UTI aérea em 16/9/2020. O procedimento foi realizado com êxito. A segunda etapa, determinada judicialmente em 11/5/2021, foi realizada em 16/6/2021, também com sucesso, após pagamento de R$ 301.682,00 em 1/6/2021. A terceira cirurgia teve o valor de R$ 280.181,00, repassados em 9/12/2024. O procedimento cirúrgico ocorreu em 10/3/2025, considerando a disponibilidade do hospital e questões logísticas de transporte. O investimento total do Estado foi de R$ 913.902,00, incluindo UTI aérea, retorno da família e traslado”, diz a nota.

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