
BRASÍLIA, 17 de março de 2025 – A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) abriu um processo administrativo para investigar a nomeação de três ministros do governo Lula para o Conselho de Administração da Tupy, empresa metalúrgica com ações na Bolsa de Valores.
Os ministros Carlos Lupi (Previdência), Anielle Franco (Igualdade Racial) e Vinicius Marques de Carvalho (Controladoria-Geral da União) foram indicados pela BNDESPar, que detém 28,19% da Tupy, mas não solicitaram parecer formal sobre conflito de interesses antes de assumir os cargos.
A CVM alertou a Tupy, em outubro de 2023, sobre a necessidade de autorização prévia da Comissão de Ética Pública (CEP) para que servidores públicos exerçam atividades privadas.
Apesar de a CEP ter emitido parecer favorável após análise tardia, o caso ainda não foi encerrado. No próximo dia 24, a comissão decidirá se abre um processo por violação ética, o que pode resultar em censura aos ministros.
VÍNCULO ENTRE GOVERNO E EMPRESA
A Tupy, embora privada, tem forte influência do governo devido à participação da BNDESPar e de fundos de pensão como Previ e Petros. A prática de indicar ministros para cargos em empresas com participação estatal permite complementação salarial, aproximando seus rendimentos dos padrões do setor privado.
Em 2024, os conselheiros da Tupy receberam R$ 4,28 milhões, com média de R$ 39 mil mensais por membro.
SALÁRIOS ACIMA DO TETO
Ao somar os rendimentos públicos e os pagos pela Tupy, os ministros ultrapassam R$ 83 mil mensais, quase o dobro do teto do funcionalismo público federal, fixado em R$ 46 mil.
Anielle Franco, por exemplo, integra o Comitê de Pessoas, Cultura e Governança, apesar de sua formação em letras e jornalismo, sem ligação direta com a produção de componentes de ferro fundido, principal atividade da empresa.