
MARANHÃO, 27 de janeiro de 2025 – O Google comunicou à União Europeia que não implementará mecanismos de verificação de fatos em seus resultados de pesquisa e vídeos do YouTube, apesar das novas regras do bloco que visam combater a desinformação.
A decisão foi formalizada em uma carta enviada em 16 de janeiro por Kent Walker, presidente de Assuntos Globais do Google, à vice-diretora de Redes de Comunicações, Conteúdo e Tecnologia da Comissão Europeia, Renate Nikolay.
Na carta, Walker argumentou que as medidas propostas pela UE não são apropriadas nem eficazes para os serviços da empresa. Ele destacou que as ferramentas de moderação de conteúdo já existentes, como a marca d’água SynthID, são suficientes para lidar com o problema.
Essa tecnologia, desenvolvida pelo Google DeepMind, insere marcas digitais em imagens, áudio, texto e vídeos gerados por inteligência artificial.
Além disso, Walker ressaltou o lançamento de um recurso no YouTube que permite aos usuários adicionar notas contextuais aos vídeos, similar ao programa Community Notes da plataforma X (antigo Twitter).
POSICIONAMENTOS
O Código de Práticas de Desinformação da União Europeia, atualizado como parte da Lei de Serviços Digitais (DSA), exige que plataformas como o Google integrem verificação de fatos em seus algoritmos de classificação.
No entanto, o Google optou por não seguir as diretrizes obrigatórias, o que gerou preocupação entre as autoridades do bloco sobre o impacto da desinformação nas eleições europeias de 2025.
A decisão do Google segue uma tendência entre as grandes empresas de tecnologia de reduzir seus programas de verificação de fatos. A Meta, por exemplo, anunciou o fim de sua parceria com verificadores de fatos terceirizados no Facebook, Instagram e Threads. A empresa adotou o modelo de notas colaborativas semelhante ao do X.
Mark Zuckerberg, CEO da Meta, afirmou que os verificadores de fatos tornaram-se politicamente tendenciosos e minaram a confiança pública. Segundo ele, a iniciativa de combate à desinformação acabou sendo usada para censurar opiniões divergentes.
HISTÓRICO DO CÓDIGO DE DESINFORMAÇÃO
Introduzido em 2018 como um conjunto de diretrizes voluntárias, o Código de Práticas de Desinformação da UE passou a ser exigido de forma obrigatória pela DSA, vigente desde 2022.
Um estudo de 2024 publicado na Internet Policy Review apontou que as empresas de tecnologia estavam apenas parcialmente em conformidade com as regras, fornecendo relatórios incompletos ou pouco detalhados.
A recusa do Google e de outras empresas ocorre em um período crítico, com eleições importantes previstas para 2025, incluindo na Alemanha, Polônia e República Tcheca.
Críticos alertam que a ausência de medidas de verificação de fatos pode intensificar a disseminação de informações falsas em um momento decisivo para o bloco.