
BRASÍLIA, 10 de outubro de 2024 – As estatais brasileiras acumularam um déficit de R$ 7,21 bilhões de janeiro a agosto de 2024, o maior saldo negativo já registrado para o período na série histórica, segundo dados divulgados pelo Banco Central (BC).
Deste total, as estatais federais tiveram um déficit de R$ 3,37 bilhões, enquanto as estaduais fecharam com R$ 3,85 bilhões no vermelho.
O cálculo do BC é feito com base na variação da dívida das estatais, método conhecido como “abaixo da linha”, que se diferencia do conceito “acima da linha”, utilizado para medir o fluxo de caixa das empresas e do Tesouro Nacional.
Apesar do Tesouro ser o garantidor final das estatais, analistas consideram que o atual déficit não é motivo de alarme, pois está relacionado a investimentos e à emissão de debêntures, especialmente no setor de saneamento.
DEBÊNTURES
Alex Agostini, economista-chefe da Austin Ratings, afirmou que o déficit é aceitável enquanto não estiver associado a despesas operacionais excessivas. Ele explica que as emissões de debêntures, com o tempo, se transformam em despesas financeiras.
João Pedro Leme, da Tendências Consultoria, acrescenta que as debêntures emitidas pelas estatais são rigorosamente avaliadas por agências de rating e pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o que favorece a atração de investidores.
Um exemplo citado é a Sanepar, que emitiu R$ 600 milhões em debêntures em 2023, com nota AAA pela Moody’s. Esses recursos estão sendo destinados à melhoria dos serviços de água e esgoto.
De acordo com o BC, a captação via debêntures não impacta o balanço imediatamente, já que é contabilizada como receita e passivo. Contudo, o déficit começa a aparecer quando as despesas financeiras são quitadas.
Os dados não incluem os resultados dos bancos públicos nem da Petrobras.