
BOM JARDIM, 27 de outubro de 2025 – A cidade de Bom Jardim, no Maranhão, foi foco de reportagem em nível nacional por utilizar espaços improvisados como igrejas e residências para funcionar como salas de aula, apesar de ter recebido mais de R$ 650 milhões do Fundeb nos últimos 13 anos.
O município enfrenta um grave cenário de infraestrutura educacional, com falta de banheiros e fornecimento de água inadequado, enquanto quatro dos seus cinco últimos prefeitos foram condenados por desvios de verbas ou improbidade administrativa.
Além disso, a reportagem visitou onze povoados e constatou a precariedade generalizada. Em uma igreja adaptada para escola, uma criança de sete anos percebe a improvisação, afirmando que o local “nem é de verdade”.
Da mesma forma, uma moradora cede sua própria casa para servir de espaço educacional há mais de uma década, destacando a carência por um prédio escolar de verdade.
CONDENAÇÕES E INVESTIGAÇÕES
Enquanto estruturas de alvenatura permanecem abandonadas, o histórico de gestores públicos envolve condenações. A ex-prefeita Lidiane Leite, conhecida como “Prefeita Ostentação”, acumula dez condenações por desvio de recursos.
Posteriormente, suas sucessoras, Malrinete Gralhada e Christianne Varão, também enfrentam processos judiciais por crimes similares. O promotor Fábio Oliveira, responsável pelas investigações, caracteriza o cenário como uma cultura de corrupção enraizada.
As más condições coincidem com o desvio de verbas destinadas à educação. Consequentemente, professores precisam lecionar para turmas com idades diferentes simultaneamente, o que gera uma grande defasagem no aprendizado. Em uma escola, a água para consumo é retirada de um poço repleto de insetos, evidenciando os riscos à saúde.
Os estudantes de Bom Jardim possuem desejos simples para sua escola ideal, incluindo carteiras novas, um banheiro de qualidade e acesso à internet. No entanto, a realidade atual ainda é de abandono e improvisos.
A atual prefeita, Christianne Varão, que está sendo investigada, argumenta que a extensão territorial da cidade impossibilita a solução de todos os problemas em um único mandato.







