
BRASIL, 27 de maio de 2025 – O aumento nos custos de medicamentos para hospitais, clínicas e unidades ambulatoriais está pressionando financeiramente as distribuidoras, elevando o risco de desabastecimento.
Segundo a Abradimex (Associação Brasileira de Distribuidores de Medicamentos Especializados, Excepcionais e Hospitalares), o setor enfrenta margens de lucro menores, alta inadimplência e prazos de pagamento desalinhados entre indústrias e hospitais.
De acordo com estudo da consultoria Deloitte, os custos de aquisição de medicamentos, que representam 83% das despesas das distribuidoras, cresceram mais que a receita líquida em 2022 e 2023.
Entre os fatores estão reajustes de preços regulados pela CMED (Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos) e estratégias de precificação da indústria. Além disso, as distribuidoras pagam os laboratórios em até 42 dias, mas recebem dos hospitais em média em 75 dias, agravando a liquidez.
A margem líquida do setor caiu 48% nos últimos três anos, enquanto a inadimplência hospitalar aumentou. Paulo Maia, presidente-executivo da Abradimex, afirma que as empresas têm absorvido prejuízos para evitar a interrupção no fornecimento de remédios essenciais, como oncológicos e imunossupressores.
A entidade também alerta que mudanças nos incentivos fiscais, em discussão na reforma tributária, podem reduzir ainda mais a rentabilidade, especialmente em regiões com custos logísticos elevados. “O risco de desabastecimento pode se tornar iminente”, destacou Maia.
As distribuidoras associadas à Abradimex respondem por grande parte do abastecimento de medicamentos de alto custo no Brasil, tanto na rede pública quanto na privada.