
SÃO LUÍS, 05 de junho de 2025 – Segundo dados do Censo 2022 do IBGE, Belém lidera o ranking nacional de domicílios em favelas entre as capitais, com 55,6% das moradias localizadas em assentamentos precários. A campeã do clima carrega, há mais de uma década, o título de capital mais favelizada do país.
A cidade se prepara para sediar a COP30 com promessas bilionárias de sustentabilidade, a realidade urbana da capital paraense segue desafiadora — e previsível.
Na sequência do pódio está Manaus, com 53,9% de seus lares em áreas ditas “subnormais”. Salvador completa o trio com 42,2%, evidenciando que o cinturão da exclusão urbana permanece firme no Norte e Nordeste do país.
SÃO LUÍS EM BOA COMPANHIA
Sem querer ficar para trás, São Luís também se destaca: 33,4% das moradias da capital maranhense estão em áreas precárias. Mais de um terço da cidade convive com saneamento deficiente, urbanização precária e ausência de serviços básicos.
É um índice expressivo — e alarmante — que coloca a cidade entre as seis capitais com maior concentração proporcional de domicílios em favelas no Brasil.
Macapá (26,9%) e Recife (23,7%) aparecem logo depois, seguidas por Fortaleza, Teresina e Vitória, todas com mais de 20% dos lares em comunidades.
Já o Rio de Janeiro, ícone consolidado das favelas no imaginário nacional, ocupa apenas a décima posição proporcional, com 20,8%. No entanto, a cidade ainda concentra um dos maiores números absolutos de moradias em comunidades urbanas.
SUSTENTABILIDADE PARA POUCOS
Belém, anfitriã da conferência climática global, anunciou um investimento de R$ 1 bilhão em obras de saneamento e infraestrutura urbana, com direito a apoio do BNDES e da Itaipu Binacional.
Mas, no bairro do Tapanã e em outras áreas periféricas, o clima é de frustração: apenas 3% da população deve ser beneficiada diretamente com a coleta de esgoto. Ainda que o governo do Pará anuncie um alcance de mais de meio milhão de pessoas, o número efetivo de contemplados é bem mais modesto — cerca de 40 mil.
As intervenções incluem drenagem pluvial, urbanização de ruas e revitalização de espaços de lazer em 13 canais da cidade. Mas os números apontam que a COP30 pode acabar sendo uma vitrine internacional montada sobre o esgoto que não chega a todos.