POLÊMICA

Rubens Jr se posiciona sobre emenda envolvendo a Contag

Compartilhe
Rubens emendas
Rubens Jr está na lista de 15 congressistas que propuseram mudanças à MP 871/2019, com emendas aparentemente redigidas por entidade investigada por desvios.

BRASÍLIA, 18 de junho de 2025 –  O deputado federal Rubens Pereira Jr. (PT-MA) integra um grupo de 15 parlamentares que apresentaram emendas à Medida Provisória 871/2019 com indícios de autoria da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), entidade investigada pela Polícia Federal (PF) por suposta participação em fraudes que desviaram R$ 6,5 bilhões do INSS entre 2019 e 2024.

Os dados, revelados pela coluna de Tácio Lorran no Metrópoles e confirmados pelo Poder360, mostram que 96 das 578 emendas analisadas traziam metadados vinculados à Contag ou a uma advogada da entidade.

A MP 871, proposta no primeiro ano do governo Bolsonaro, buscava combater fraudes no INSS, incluindo a exigência de revalidação anual de descontos em benefícios previdenciários. Contudo, as emendas apresentadas por Rubens Jr. e outros 14 parlamentares – sendo 9 do PT – teriam sido redigidas pela Contag para diluir esses controles.

O Congresso aprovou a alteração do prazo de revalidação para três anos, mas a regra nunca entrou em vigor, pois outra MP (1.113/2022) revogou totalmente a exigência.

Inscreva-se e não perca as notícias

Entre os parlamentares identificados, além de Rubens Jr., figuram nomes como Zé Neto (PT-BA), Patrus Ananias (PT-MG), Humberto Costa (PT-PE) e Jaques Wagner (PT-BA), além de representantes de PCdoB, PSOL e até do PL, partido de Bolsonaro.

A análise dos metadados sugere que a Contag coordenou um lobby para enfraquecer a fiscalização sobre descontos associativos, mecanismo central no esquema de desvios.

A DEFESA DE RUBENS PEREIRA JR.

Em nota oficial, o deputado maranhense negou qualquer irregularidade. Afirmou que a apresentação de emendas é “atividade constitucional” e que suas propostas foram aprovadas pelo Congresso e sancionadas pelo então presidente.

Rubens Jr. destacou que nenhuma de suas emendas alegou “inviabilidade da revalidação anual” e classificou as acusações como “mentirosas e irresponsáveis”. Reiterou seu compromisso com a ética e apoio às investigações, mas repudiou a “criminalização do trabalho parlamentar”.

CONTEXTO DO ESCÂNDALO

A Contag é acusada de operar um esquema que subtraía valores de aposentados rurais sem autorização válida. Sindicatos ligados à entidade forneciam listas de beneficiários ao INSS, que aplicava os descontos automaticamente.

A PF estima que o prejuízo supere R$ 6 bilhões, com maior parte ocorrendo no governo Lula. Embora o presidente atribua a origem das fraudes à gestão anterior, até agora nenhum investigado ocupava cargo no governo Bolsonaro.

Das 96 emendas com metadados da Contag, parte significativa visava:

Ampliar prazos para revalidação de autorizações;

Excluir exigências de comprovação documental;

Manter descontos mesmo sem confirmação do beneficiário.

Rubens Jr. não foi citado diretamente nas investigações, mas sua associação a emendas de autoria questionável levanta questionamentos sobre a influência de lobbies no Legislativo. Procurados, outros parlamentares alegaram desconhecer a origem das propostas ou negaram vínculos com a Contag.

O caso reacende o debate sobre o controle de emendas parlamentares. Especialistas ouvidos pelo Poder360 apontam que a prática de entidades redigirem propostas para congressistas não é ilegal, mas torna-se problemática quando vinculada a esquemas criminosos.

Para o Ministério Público Federal (MPF), as emendas teriam facilitado a continuidade das fraudes ao retardar mecanismos de fiscalização.

A PF deve incluir as descobertas sobre as emendas no inquérito que apura a “Farra do INSS”. Já a Câmara dos Deputados pode instaurar uma comissão para avaliar possíveis violações éticas. Rubens Jr. e os demais parlamentares não foram formalmente acusados.

Compartilhe
0 0 votos
Classificação da notícias
Inscrever-se
Notificar de
guest
0 Comentários
mais antigos
mais recentes Mais votado
Feedbacks embutidos
Ver todos os comentários

Gostaríamos de usar cookies para melhorar sua experiência.

Visite nossa página de consentimento de cookies para gerenciar suas preferências.

Conheça nossa política de privacidade.

0
Adoraria saber sua opinião, comente.x