
BRASÍLIA, 02 de junho de 2025 – O Ministério Público Federal (MPF) defendeu, nesta semana, que o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) promova o ressarcimento direto e imediato às vítimas de fraudes identificadas pela Operação Sem Desconto.
Procuradores sustentam que os beneficiários sofreram descontos indevidos em seus pagamentos sem qualquer solicitação, o que torna desproporcional exigir que tomem medidas para reaver os valores perdidos.
A cobrança foi feita pelos procuradores Nicolau Dino, da Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão, e Alexandre Camanho, da 5ª Câmara de Coordenação e Revisão do MPF.
Eles argumentam que o INSS já sabe exatamente quem são os prejudicados, uma vez que os descontos foram lançados em seu banco de dados com base em inserções fraudulentas de informações.
Segundo os procuradores, sete empresas de fachada estão sendo investigadas por participarem do esquema. As vítimas desses grupos já são plenamente identificadas, e não haveria motivo para que precisem requisitar o ressarcimento.
Para o MPF, a União também tem responsabilidade solidária nas fraudes, pois agentes públicos contribuíram diretamente ou foram omissos diante das irregularidades.
Além disso, o MPF expediu uma recomendação ao Ministério da Previdência em 19 de maio, solicitando a devolução dos valores indevidamente descontados no prazo de até 30 dias. O foco seria beneficiar prioritariamente os grupos mais vulneráveis, como aposentados rurais, indígenas, quilombolas e pessoas que recebem até um salário mínimo.
A recomendação contrasta com a posição adotada pelo governo, que inicialmente previa o ressarcimento apenas mediante solicitação do beneficiário, via aplicativo. Após o posicionamento do MPF, o Ministério da Previdência passou a permitir também questionamentos presenciais nas agências do INSS.
A procuradoria sustenta que não há necessidade de vincular o ressarcimento à recuperação de bens dos investigados, considerando a participação de agentes públicos. Portanto, os recursos para devolver os valores aos aposentados devem vir diretamente do poder público.
O MPF também atua para uniformizar os procedimentos de investigação em todo o país. Já foram identificadas 23 apurações em andamento em estados como São Paulo, Minas Gerais, Distrito Federal, Paraná, Ceará, Sergipe e Rio Grande do Sul.
Os procuradores relatam que a ausência de comunicação entre Polícia Federal e Procuradoria-Geral da República causou divergências nas investigações. Isso levou à fragmentação de processos, com alguns sendo tratados apenas como casos isolados de estelionato, o que comprometeu a uniformidade e a eficácia da resposta institucional.
A 5ª Câmara busca agora reunir as informações para centralizar as ações judiciais e administrativas.