TRAGÉDIA
Intervenção em aplicativos de entrega arruinou empregos na Espanha
Por José Linhares Jr • 08/03/2024
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aplicativos de entrega
Experiência espanhola com a ‘Lei Rider’ foi desastrosa e, além o fechamento de empresas, trouxe desemprego,

BRASIL, 8 de março de 2022 – O governo do presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT) anunciou a predisposição de intervir no setor de aplicativos de entrega. A experiência já foi testada na Espanha, quando foi aprovada a “Lei Rider”, instituída em 12 de agosto de 2021. O setor contava com 30 mil empregados em 2021, quando a lei foi aprovada. Em apenas 5 meses de vigor, 10 mil entregadores perderam seus empregos.

Assim como no Brasil, a desculpa do governo espanhol era formalizar as relações de trabalho entre plataformas digitais de entrega e seus entregadores. A aplicação da lei resultou no fechamento de grandes empresas e ocasionaram na perda de empregos. Deliveroo e Getir fecharam as portas e deixaram milhares de trabalhadores sem emprego.

No caso da Deliveroo, 4.000 entregadores perderam trabalho após o fechamento da empresa em 29 de novembro de 2021. A empresa era a segunda maior empregadora do setor no país e considerou que, com as imposições do governo, não era mais possível continuar na Espanha.

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A Deliveroo interromperá as operações na Espanha após o governo adotar “Lei Rider” (LINK AQUI)

A Amazon demitiu 2.000 entregadores autônomos com a lei. Neste caso, a empresa preferiu encerrar completamente o relacionamento trabalhista com eles em vez de incorporá-los ao seu quadro de funcionários e concentrou suas entregas em seus próprios funcionários já contratados anteriormente. Resultado: menos empregos e mais trabalho.

Também assim como no Brasil, plataformas de aplicativos e de associações de entregadores foram contra a intervenção do governo no setor e exigiam liberdade para trabalhar em qualquer plataforma a qualquer hora.

Infelizmente na Espanha, tanto a vontade dos trabalhadores quanto as das plataformas foi vencida pelo governo. E os resultados foram catastróficos.

GUERRA JUDICIAL

Para tentar continuar funcionando, algumas plataformas decidiram manter o regime anterior de trabalho e entrar na justiça contra a lei. A maior delas é a Glovo, que abriga quase a metade dos trabalhadores do setor na Espanha. Desde a aprovação da lei, a empresa já acumula 205 milhões de euros em multas. Transformando em moeda brasileira, o montante ultrapassa R$ 1 bilhão.

Caso a Glovo seja condenada pela Justiça a pagar as multas, deve fechar. A situação irá ser ainda mais trágica porque, provavelmente, dezenas de milhares de entregadores devem perder o emprego.

Mas, nem só a perda de emprego e fechamento de empresas despontam como efeitos da intenção de regulamentação que Lula quer trazer da Espanha para o Brasil.

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O desastre da ‘Lei Rider’: 10 mil pessoas paradas, quase ninguém contratado e falta de distribuidores (LINK AQUI)

SALÁRIOS MENORES

Segundo a Associação Autônoma de Entregadores, assalariado no setor de entregas está se tornando cada vez mais difícil na Espanha após a intervenção do governo. A associação revela que, antes da lei, um autônomo ganhava facilmente entre 2.000 e 2.500 euros por mês trabalhando cerca de oito horas por dia e simultaneamente para várias plataformas. Agora, como precisam trabalhar cerca de dez horas por dia para ter acesso ao salário mínimo espanhol, os ganhos caíram para 1.080 euros por mês.

TODO MUNDO AFETADO

Seis meses após a instituição da lei na Espanha, 943 restaurantes assinaram o Manifesto dos Restaurantes Espanhóis contra a Lei Rider, expressando preocupação com a possibilidade de a obrigatoriedade de contratação forçada dos entregadores afetar a receita de seus estabelecimentos, a maioria pequenos e médios estabelecimentos.

Com a possibilidade de enquadramento na lei, explodiram as “dark kitchens” na Espanha, uma modalidade de restaurante que funciona em locais escondidos apenas realizando entregas. Hoje, as entregas de dark kitchens respondem a 20% do total de entregas da Espanha. Ou seja: a intervenção do governo espanhol jogou na informalidade 1/5 do setor.

E NO BRASIL?

A lei proposta pelo governo Lula possui algumas diferenças em relação ao que foi feito na Espanha. Além disso, o tamanho do país também deve dificultar a fiscalização e promover mais informalidade.

Analistas passaram os dias após a apresentação da lei afirmando que a lei deve penalizar apenas entregadores e clientes, pois insere a cobrança de impostos que vai significar menos ganhos para os trabalhadores e mais custos para os consumidores.

O fato é que a tragédia da intervenção no setor pelo governo da Espanha possui a mesma natureza do que se pretende fazer no Brasil. E, mesmo que não arruíne o setor, irá ter impactos negativos inquestionáveis no desenvolvimento de uma das áreas que mais emprega e garante renda ao brasileiro nos últimos anos.

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