
BRASIL, 30 de abril de 2025 – O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) decidiu suspender os repasses automáticos de mensalidades para associações de aposentados e pensionistas.
A medida foi publicada no Diário Oficial da União desta terça (29), após uma operação conjunta da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União revelar o que parece ter sido um dos maiores truques de mágica do sistema previdenciário: fazer desaparecer dinheiro dos aposentados sem que eles percebessem.
A suspensão vale até que as práticas sejam “reavaliadas” — o que, com sorte, acontecerá antes da próxima “saidinha” de algum esquema.
A caneta que oficializou a decisão foi empunhada por Debora Aparecida Andrade Floriano, presidente interina do INSS, que assumiu o cargo após o afastamento e posterior demissão de Alessandro Stefanutto. Este último foi retirado do cargo por decisão judicial.
Na Comissão de Previdência da Câmara, o ministro Carlos Lupi ocupou a tribuna nesta terça (29) para esclarecer a situação. Disse que o INSS “não deve intermediar” a relação entre associações e beneficiários.
Uma descoberta reveladora, embora um pouco atrasada: segundo atas do Conselho Nacional de Previdência Social, ele já havia sido alertado sobre o problema em junho de 2023, mas parece que os alertas ficaram presos na fila de espera do INSS — junto com as perícias.
A demora de mais de dez meses para qualquer ação concreta gerou críticas, embora ainda não se saiba se mais críticas do que mensalidades descontadas sem permissão.
OPERAÇÃO SEM DESCONTO
A PF batizou a operação de “Sem Desconto” — nome que, para os aposentados, parece ter vindo com uns dois anos de atraso. Deflagrada em 2023, ela cumpriu 211 mandados de busca e apreensão, prendeu temporariamente seis pessoas e sequestrou mais de R$ 1 bilhão em bens.
As ações se espalharam por 13 Estados e pelo Distrito Federal, provando que, quando se trata de fraudes, o território nacional é bem coberto.
Foram identificadas entidades que faziam descontos sem autorização, muitas vezes sem sequer oferecer um serviço em troca — o que, pensando bem, pode ser mais honesto do que prometer algo e não cumprir. A CGU verificou que 70% das 29 entidades investigadas nem sequer apresentaram os documentos exigidos pelo INSS.
Além dos “descontos invisíveis”, foram encontrados indícios de corrupção ativa e passiva, organização criminosa, lavagem de dinheiro, falsificação de documentos e violação de sigilo funcional. A PF apreendeu carros de luxo, joias, dinheiro vivo e obras de arte — itens típicos de quem defende os interesses da terceira idade.
Coincidentemente o filho do ministro da Justiça, Enrique Lewandowski, atuava como advogado de uma das entidades investigadas: o Centro de Estudos dos Benefícios dos Aposentados e Pensionistas (Cebap).
O governo agora orienta os beneficiários a acessarem o site ou aplicativo Meu INSS para excluir os descontos não autorizados.