
BRASÍLIA, 06 de junho de 2025 – Os Correios decidiram manter ativa a licitação de R$ 380 milhões para contratação de agências de publicidade, mesmo diante de investigações do Tribunal de Contas da União (TCU) e do Ministério Público Federal (MPF). O valor equivale a até 2% da receita bruta anual da estatal.
A empresa declarou que não irá suspender nem revisar o edital, apesar de enfrentar prejuízo estimado em R$ 3,2 bilhões no fechamento de 2024. O rombo marca o segundo ano do atual governo como o mais crítico da história da companhia.
A ampliação do teto de 0,5% para 2% da receita foi atribuída à Lei das Estatais. Os Correios argumentam que o aumento não representa gasto automático, mas garante flexibilidade diante da concorrência no mercado logístico e de comunicação.
A estatal alega que o novo contrato é essencial para executar ações de comunicação legalmente previstas. Segundo nota, a empresa seguirá qualquer “orientação formal” emitida pelos órgãos de controle, caso haja deliberação oficial.
Desde 2022, a estatal está sem contrato publicitário, após decisão do governo Bolsonaro de não renovar acordos anteriores. Com a posse do presidente Lula, os investimentos em patrocínio e comunicação institucional voltaram a crescer.
A área técnica do TCU aponta que a adoção do critério “melhor técnica” pode favorecer determinadas empresas e que o modelo “técnica e preço” resultaria em propostas mais econômicas. Os Correios, no entanto, dizem seguir a Lei 12.232/2010.
Das quatro finalistas — Cálix, Filadélfia, Puxe e Jotacom — três já foram citadas em escândalos relacionados ao Partido dos Trabalhadores. A escolha dessas empresas é alvo de críticas por suposto direcionamento político e violação da moralidade administrativa.
O deputado estadual Leonardo Siqueira (Novo-SP) encaminhou representação ao TCU com quatro possíveis irregularidades: uso indevido de verbas em cenário de crise, indícios de favorecimento, prejuízo ao erário e vínculos das agências com casos de corrupção.