VERBA NEGADA

Cidades mais pobres do MA ficam no fim da fila das emendas

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Emendas IDH
Municípios mais pobres do Maranhão ficam no fim da fila das emendas. Cidades com os piores IDHs do Brasil recebem menos verbas mesmo em situação crítica.

MARANHÃO, 02 de junho de 2025 – Cidades maranhenses com os piores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) do país estão entre as mais negligenciadas no envio de emendas parlamentares. Apesar da precariedade em saúde, educação, saneamento e infraestrutura, 15 dos 20 municípios com piores IDHs não recebem recursos há mais de um ano.

Segundo levantamento do GLOBO, com base no Portal da Transparência do governo federal, os últimos repasses ocorreram até junho de 2024. A maioria dos valores não ultrapassou R$ 1 milhão. Foram considerados apenas os recursos pagos pela União, desconsiderando valores empenhados ou autorizados.

A cientista política Luciana Santana, da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), aponta que o critério político se sobrepõe à urgência social:

“As emendas nem sempre seguem a lógica da necessidade real. Temos cidades muito pobres sendo sistematicamente preteridas. Em contrapartida, quem é próximo ao governador ou a deputados acaba sendo beneficiado”, declarou.

Ela critica a falta de uma lógica republicana e denuncia a reprodução de privilégios no repasse de recursos.

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CIDADES IGNORADAS HÁ ANOS

Dos R$ 28 bilhões em emendas pagos entre junho de 2024 e maio de 2025, apenas R$ 20 milhões foram destinados às cinco cidades mais pobres entre as 20 piores no ranking de IDH — o equivalente a 0,09% do total.

Mesmo quando os valores chegam, muitas vezes são esperados há anos. Fernando Falcão (MA) recebeu apenas R$ 145 mil em maio deste ano, valor aguardado desde 2019. Já Marajá do Sena (MA), com IDH de 0,452, recebeu em junho de 2023 uma única emenda de R$ 500 mil para o Fundo Municipal de Saúde.

RECURSOS SEM TRANSPARÊNCIA

Especialistas também alertam para a falta de controle nos repasses via Pix, que dispensam prestação de contas. A escassez de recursos afeta cidades além das listadas. Araioses (MA) e Alvorada de Minas (MG) não recebem emendas desde 2023.

Em Araioses, com IDH de 0,521, apenas 42,9% da população têm acesso à água tratada, e 34,4% contam com coleta de lixo. Em Alvorada de Minas, o IDH é 0,572, também considerado baixo.

Para a cientista política Mayra Goulart, da UFRJ, essas emendas são vitais:

“Muitas vezes, o valor das emendas ultrapassa o orçamento do município. Elas mudam a vida dos políticos e da população”, afirmou.

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conde

Ah, a velha política de prioridades invertidas. Enquanto cidades maranhenses com os piores IDHs agonizam sem infraestrutura, saúde e educação decentes, os critérios de repasse seguem a lógica dos “amigos do rei”. Só para contextualizar o nível da desigualdade: dos R$ 28 bilhões em emendas pagos entre 2024 e 2025, apenas 0,09% foi para os municípios mais necessitados. Talvez estejam esperando que essas cidades se tornem autossuficientes por milagre! Enquanto isso, localidades mais influentes continuam recebendo recursos sem grandes dificuldades. Triste ironia, não?

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