
BRASIL, 28 de novembro de 2025 – O governo Lula tem adotado medidas de importação que impactam diretamente produtores nacionais de tilápia, banana e leite em pó. Essas decisões envolvem a liberação de produtos estrangeiros que competem com a produção brasileira em condições consideradas desiguais pelos produtores locais.
Os setores afetados alertam para riscos sanitários e práticas comerciais desleais que ameaçam a sustentabilidade das cadeias produtivas nacionais.
A importação de tilápia do Vietnã foi retomada em abril após acordo comercial que permitiu a entrada da carne bovina brasileira no mercado vietnamita.
A Associação Brasileira de Piscicultura contesta a medida, alegando que os protocolos de produção vietnamitas proporcionam ganho de competitividade desleal. A entidade afirma que mais de 90% das amostras analisadas de filés de panga importados estão em desacordo com a legislação brasileira.
O setor pesqueiro nacional produz 662 mil toneladas de tilápia anualmente, representando 68% de toda a produção de peixes de cultivo no país. A cadeia produtiva envolve cerca de 98% de pequenos produtores, segundo a Peixe BR. A entidade defende a suspensão urgente das importações para preservar a sustentabilidade do setor.
PREOCUPAÇÃO NA FRUTICULTURA
Na fruticultura, as negociações do governo Lula para retomada da importação de banana do Equador geram apreensão entre produtores brasileiros. O Brasil é autossuficiente na produção da fruta, com safra estimada em 7,33 milhões de toneladas em 2025.
Um estudo da CNA indica que o produto importado pode disputar nichos premium do mercado, tradicionalmente atendidos por produtores que investiram em tecnologia e qualidade.
Existe também preocupação com o risco de entrada do fungo Fusarium oxysporum raça 4, praga devastadora ainda ausente no Brasil, mas com focos identificados no Equador. A estrutura da cadeia produtiva brasileira, composta por mais de 200 mil produtores, tornaria inviável o controle da praga caso ela adentre no país.
QUESTÃO DOS LATICÍNIOS
No setor de laticínios, as importações de leite em pó da Argentina e Uruguai atingiram volume recorde em 2023, com crescimento de 88,3% em relação ao ano anterior.
A CNA denunciou possível prática de dumping, mostrando que o leite em pó argentino era 54% mais barato no Brasil do que na Argentina. No entanto, a Secex decidiu não prosseguir com a investigação, argumentando que leite em pó e in natura não são produtos similares.
Em resposta, estados como Paraná e Minas Gerais adotaram medidas para proteger produtores locais, incluindo o fim de isenções fiscais para importação. Um projeto de lei em tramitação na Câmara propõe estender para todo o país a proibição da reconstituição de leite em pó importado para consumo humano.







