
BELÉM, 08 de abril de 2025 – A usina hidrelétrica binacional de Itaipu, localizada na fronteira entre Brasil e Paraguai, destinou R$ 200 milhões para a construção de um hotel de luxo em Belém (PA), cidade-sede da COP-30.
O empreendimento está previsto para receber chefes de Estado e autoridades internacionais durante a conferência climática de 2025. O edital do governo do Pará afirma que o hotel deve garantir “hospedagem de luxo e conforto” aos participantes do evento global.
A obra integra os contratos firmados pela administração da usina após o retorno do Partido dos Trabalhadores (PT) ao poder federal. Desde então, Itaipu tem sido alvo de denúncias envolvendo supostos desvios de recursos, acordos firmados sem fiscalização adequada e até espionagem.
A ausência de controle do Tribunal de Contas da União (TCU) sobre a estatal se deve à sua natureza binacional, com operação amparada por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que recomendou a criação de um comitê específico — ainda não implementado pelo governo federal.
CONTRATOS SOB SUSPEITA
Além do investimento no hotel, Itaipu firmou parcerias com entidades que agora aparecem no noticiário policial. Uma delas é a Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI), responsável pela organização da COP-30, citada em investigações recentes.
A primeira-dama Janja da Silva tem participado ativamente da promoção da conferência, com presença destacada em eventos preparatórios. O hotel, segundo o portal Belém Negócios, contará com cerca de 500 quartos em padrão cinco estrelas, além de estrutura com restaurantes, bares, academia e salas de reuniões.
Apesar do aporte milionário, Belém figura entre as capitais brasileiras com os piores indicadores de saneamento básico, pobreza e Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).
O contraste entre a infraestrutura da conferência e a realidade local levanta questionamentos sobre prioridades de investimentos públicos e transparência na destinação de verbas.