Racha no PCC causa temores de violência nas ruas e nas prisões
BRASIL, 25 de março de 2024 – A liderança que Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, exerce no PCC (Primeiro Comando da Capital) está sendo contestada por alguns membros da cúpula da facção criminosa. A profundidade do racha na organização ainda não está clara, mas já está motivando assassinatos de criminosos leais a diferentes líderes do grupo fora dos presídios. Ao menos dois casos foram registrados e autoridades de segurança de todo o país estão em alerta para uma possível escalada da violência entre criminosos dentro e fora das prisões. Policiais que integram o serviço de inteligência do Departamento Penitenciário Nacional, subordinado ao Ministério da Justiça, e fontes do Judiciário confirmaram à reportagem a disputa pelo poder na facção. Segundo eles, tudo começou após o vazamento de uma gravação de áudio em que Marcola debocha de um de seus principais “generais” – Roberto Soriano, o “Tiriça”, número dois na hierarquia da facção. A conversa teria sido gravada com autorização judicial, mas, sem o conhecimento de Marcola, e repassada amplamente dentro do primeiro escalão da organização criminosa.
Integrante do PCC suspeito de planejar ataque a Moro segue preso
BRASÍLIA, 26 de fevereiro de 2024 – A ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), rejeitou um pedido de habeas corpus para Sidney Rodrigo Aparecido Piovesan, conhecido como El Sid, integrante do Primeiro Comando da Capital (PCC). Ele é suspeito de planejar o sequestro do senador Sergio Moro e responde por tentativa de assassinato de policiais militares em 2014, estando atualmente foragido. A decisão, emitida em 19 de fevereiro, destaca que a jurisdição no Superior Tribunal de Justiça (STJ) não se esgotou. Cármen Lúcia ressaltou que, em casos excepcionais, pode-se superar esse obstáculo jurisprudencial, mas enfatizou que não há evidências de flagrante ilegalidade na decisão do STJ.
Contador de Lulinha ganha 250 vezes na loteria e tem elo com PCC
SÃO PAULO, 22 de fevereiro de 2024 – O contador João Muniz Leite, de 60 anos, que já prestou serviços ao presidente Lula e seu filho Lulinha, revelou em depoimento sigiloso à polícia ter ganhado 250 vezes na loteria, acumulando cerca de R$20 milhões em prêmios. A revelação se deu em meio a uma série de informações sobre sua relação com o traficante do Primeiro Comando da Capital (PCC), Anselmo Santa Fausta, também conhecido como Cara Preta, assassinado em 2021. Muniz, homem de confiança do advogado Roberto Teixeira, compadre de Lula, e contador de empresas vinculadas a Lulinha, admitiu ter trabalhado para Santa Fausta por cinco anos. Esse vínculo foi revelado durante um depoimento à polícia em São Paulo. Ao afirmar que ganhou na loteria 250 vezes, sendo 55 apenas em 2021, com prêmios estimados em R$20 milhões, Muniz explicou que participava de jogos diários, inclusive bolões, e que sua esposa recebia os prêmios em nome da família.
PF apura produtoras de funk por lavagem de dinheiro para o PCC
SÃO PAULO, 21 de fevereiro de 2024 – A Polícia Federal (PF) está conduzindo uma investigação sobre um alegado esquema de lavagem de dinheiro vinculado ao tráfico de drogas do Primeiro Comando da Capital (PCC), supostamente operado por meio de produtoras de funk situadas em São Paulo. Relatórios de inteligência do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) foram enviados à PF, destacando movimentações financeiras suspeitas nas contas das produtoras GR6 Eventos e Love Funk, ambas com uma considerável presença nas redes sociais. Segundo informações obtidas pelo portal Metrópoles, o inquérito em questão faz parte de um grupo especial dentro da Delegacia Regional de Combate ao Crime Organizado da PF em São Paulo, dedicado à investigação de facções criminosas. A Love Funk, também conhecida como Formato Funk Agenciamento Artístico Ltda, teria recebido a quantia expressiva de R$ 18,1 milhões em sua conta ao longo de seis meses em 2021, apesar de declarar um faturamento médio mensal de R$ 100 mil naquele ano.
Bolsonaro é condenado pelo TSE por associar Lula ao PCC
BRASÍLIA, 08 de fevereiro de 2024 – Não bastasse a operação da Polícia Federal que impôs restrições de circulação ao ex-presidente, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) aprovou nesta quinta (8) aplicação de uma multa de R$ 15 mil ao ex-presidente Jair Bolsonaro, acusado de propagar desinformação e notícia falsa contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, associando o petista à organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). O fato ocorreu na campanha eleitoral de 2022. A representação no TSE foi da coligação Brasil da Esperança, do conjunto de partidos que apoiaram Lula. Foi determinada ainda a retirada do conteúdo das redes sociais. Esse julgamento teve início em 9 de novembro de 2023, com Lula já eleito presidente, mas não empossado. O então relator e corregedor-geral eleitoral, ministro Benedito Gonçalves, julgou a ação procedente e foi quem aplicou a multa ao ex-presidente. Nesta quinta, Bolsonaro teve que entregar seu passaporte à PF e está proibido, pelo ministro Alexandre de Moraes, de se aproximar dos outros investigados.
Investigação aponta conexão entre CV e PCC dentro da PGR
BRASÍLIA, 12 de dezembro de 2023 – A Operação Dakovo, conduzida pela Polícia Federal (PF), revelou uma investigação sobre a possível conexão financeira entre integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC) e do Comando Vermelho (CV) com um servidor da Procuradoria-Geral da República (PGR). O analista processual Wagner Vinicius de Oliveira Miranda, suposto membro do “núcleo financeiro” da quadrilha, é alvo da operação. Os investigadores apontam análises sobre operações envolvendo uma empresa, da qual o servidor é sócio, e outra companhia associada ao recebimento de pagamentos por armas e drogas. Angel Antonio Flecha Barrios, identificado como intermediário da quadrilha na fronteira do Brasil com o Paraguai, controlava contas utilizadas para transações ilícitas. A Justiça Federal na Bahia autorizou buscas na residência de Miranda, suspendendo-o cautelarmente da PGR por 30 dias. A decisão visa evitar interferências do servidor, que possui amplo acesso a sistemas e dados internos. Miranda é mencionado como integrante de um grupo vinculado a depósitos para criminosos no Paraguai. A PF encontrou o nome dele durante a análise de dados de Barrios, responsável por fornecer armas ilegais ao PCC e ao CV. Barrios, figura-chave na quadrilha, coordena contatos com compradores, transporte de cargamentos e a entrada de armas no Brasil via Paraguai. As investigações apontam para uma suposta operação financeira de Miranda ligada a Barrios, sendo sócio de empresas como a Steak House Restaurante e a Bravoshop. Esta última é considerada uma empresa de fachada, sem funcionamento no endereço registrado. Ambas as empresas, com o mesmo cadastro de e-mail e telefone, foram abertas no mesmo dia. Informações relevantes surgiram quando a PF analisou dados armazenados na nuvem de Barrios. Relatórios de Inteligência Financeira também indicam remessas de R$ 100 mil e R$ 50 mil de Miranda para a Bravo Brasil – Iphones, empresa usada por Barrios, em julho e outubro de 2022, levantando suspeitas de lavagem de dinheiro.
Mais de 30 chefes do PCC deixaram a prisão pela porta da frente
BRASIL, 24 de novembro de 2023 – Às vésperas de ser condenado a 47 anos de prisão, Rogério Jeremias de Simone, o Gegê do Mangue, com extensa ficha criminal e apontado como o número 3 do PCC, conseguiu deixar uma penitenciária de segurança máxima no interior de São Paulo para assumir, como temia o governo paulista, o comando da facção nas ruas. Para deixar a prisão, em fevereiro de 2017, Simone não precisou de cordas, túneis ou gastar milhões com um plano de resgate. Saiu pela porta da frente após convencer a Justiça desse merecimento, o mesmo caminho seguido por mais de 30 importantes membros do grupo criminoso em sete anos, conforme levantamento da Folha. Essa lista, que tem como base relatórios de inteligência policial, inclui integrantes do PCC soltos após cumprimento de suas penas, seguindo a lei. A maioria das decisões, porém, envolve ritos processuais com medidas polêmicas e que provocaram críticas em setores da polícia. Um dos casos mais rumorosos ocorreu em outubro de 2020, quando o então ministro Marco Aurélio Mello, do STF (Supremo Tribunal Federal), mandou soltar o narcotraficante André de Oliveira Macedo, 43, o André do Rap, do PCC. Ele foi preso no final de 2019, depois de ficar anos foragido, e colocado em liberdade porque o ministro entendeu que o tempo de prisão preventiva excedia o limite previsto em lei. A decisão foi revertida dias depois, pela presidência do STF, mas ocorreu após o narcotraficante desparecer do monitoramento policial. Segundo a legislação, a prisão preventiva deve ser renovada pela magistratura a cada 90 dias por ser considerado um artifício jurídico excepcional, já que é aplicada antes da condenação formal do preso. Em junho deste ano, ministro do Sebastião Reis Júnior, do STJ (Superior Tribunal de Justiça), mandou soltar Leonardo Vinci Alves de Lima, 47, o Batatinha, flagrado por policiais com 2 kg de cocaína em agosto de 2019, na sul da capital paulista. A defesa foi questionada, mas respondeu que não irá se pronunciar. O magistrado considerou a abordagem da PM ilegal por ter sido motivada apenas pelo nervosismo demonstrado pelo réu ao avistar uma viatura da Rota. Após a decisão, o ministro da Justiça Flávio Dino publicou nas redes sociais um “apelo à reflexão” para a “nulidade de processos de integrantes de organizações criminosas por suposta ilicitude da prova derivada de buscas pessoais razoáveis e motivadas”. “A análise da legalidade de condenações judiciais deve ser ponderada sob o crivo do conjunto de valores constitucionais”, escreveu. Das 32 solturas de chefes do PCC determinadas pela Justiça nesses sete anos, ainda conforme levantamento feito pela Folha, a maioria delas (81,2%) ocorreu entre 2019 e 2022, no governo Jair Bolsonaro (PL), que, no início do mandato, anunciou esforços para tentar combater o crime organizado. Procurada, o Ministério da Justiça e Segurança Pública não indicou ninguém para falar sobre as medidas adotadas para tentar combater o crime organizado. Em nota, o governo Lula (PT) citou ações implementadas neste, como o Enfoc (Plano de Enfrentamento às Organizações Criminosas), com investimento de R$ 900 milhões, e Amas (Programa Amazônia, Segurança e Soberania), com investimento de R$ 2 bilhões. “O combate ao crime organizado é uma prioridade do MJSP, a partir da descapitalização dessas organizações, com o bloqueio das rotas de tráfico que abastecem as práticas ilícitas. Entre as ações, está o reforço da segurança em portos, aeroportos e nas fronteiras secas, bem como a ampliação do uso de inteligência para rastreio de atividades criminosas.” Continue lendo…
Polícia Federal investiga ligação entre advogado de Adélio e PCC
BRASIL, 21 de outubro de 2023 – A Polícia Federal (PF) está realizando a terceira investigação relacionada à tentativa de assassinato do ex-presidente Jair Bolsonaro em 2018. Durante essa análise, os investigadores encontraram indícios que conectam um dos advogados de Adélio Bispo ao Primeiro Comando da Capital, o PCC, abrindo novas perspectivas de apuração. De acordo com fontes do Metrópoles, esses indícios, embora não diretamente relacionados ao atentado, resultaram em uma ampliação das investigações. A Polícia Federal decidiu adiar o relatório final para esgotar todas as possibilidades e esclarecer completamente esses aspectos. A PF conduziu uma operação em março, com buscas em residências e escritórios de ex-advogados de Adélio, relacionados ao caso. A suposta ligação entre o advogado Fernando Magalhães e o PCC levantou suspeitas sobre possíveis conexões obscuras no caso Adélio.