
BRASÍLIA, 15 de abril de 2025 – O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), anunciou aos colegas senadores a intenção de contratar uma agência de publicidade para “melhorar a imagem institucional” da Câmara Alta. A brincadeira vai custar até R$ 90 milhões — tudo para reforçar a percepção de que o Senado trabalha.
A proposta foi apresentada aos líderes partidários e, claro, aprovada sem resistência. Afinal, poucos conseguem dizer “não” a uma boa campanha de marketing — especialmente quando não é do próprio bolso. Alcolumbre argumenta que o investimento é necessário para aproximar o Senado da população.
Até abril, apenas seis sessões resultaram na aprovação de 14 projetos. O ritmo lento não impediu a Casa de já ter investido R$ 50 milhões em publicidade no ano anterior.
Vale lembrar que a estrutura de comunicação por lá não é nada modesta: Secretaria de Comunicação, Diretoria de Jornalismo, Rádio Senado, TV Senado, equipes de imprensa e engenharia. Mesmo assim, a solução encontrada foi terceirizar o discurso e reforçar os holofotes.
Enquanto isso, o orçamento da Casa atingiu R$ 4,3 bilhões em 2024, um dos Legislativos mais carosdo planeta — atrás apenas do Congresso dos Estados Unidos, segundo levantamento da ONU publicado em 2018.
Fora isso, os senadores ainda contam com o famoso “cotão” — verba mensal que varia entre R$ 21 mil e R$ 44 mil — para promover seus próprios mandatos.
Mas, aparentemente, nem toda essa estrutura foi suficiente para convencer a população de que o Senado cumpre seu papel. Aí, resta apelar pra publicidade.
Se a imagem do Senado precisa de R$ 90 milhões pra ser “recuperada”, talvez o problema não esteja na comunicação.