
MARANHÃO, 23 de abril de 2025 – A “tempestade perfeita” que levou o líder do União Brasil na Câmara, Pedro Lucas Fernandes, a rejeitar o convite do presidente Lula para assumir o Ministério das Comunicações incluiu um cálculo político regional.
Aliados do deputado ouvidos pela Coluna do Estadão dizem que ele não quis ficar na “rebarba” de Juscelino Filho, que deixou a pasta após ser denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) em investigação sobre desvio de emendas, revelado pelo Estadão. Os dois são rivais no Maranhão, e a comparação entre as gestões seria inevitável.
Esse contraste com Juscelino, dizem integrantes do União, seria desfavorável para Pedro Lucas porque ele teria menos tempo no ministério.
O ex-ministro ficou mais de dois anos no cargo, enquanto o líder da sigla teria menos de um ano, já que até abril de 2026 teria de se descompatibilizar do cargo para concorrer nas eleições. Além disso, a equipe da pasta foi nomeada por Juscelino e vários programas já foram colocados em prática no setor.
O nome de Pedro Lucas para o ministério chegou a ser anunciado publicamente pela ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann. Mas aliados de Pedro Lucas afirmam que ele deixou claro a Lula que para assumir o posto precisava pacificar a bancada.
Ao recusar o cargo, após uma reunião com o presidente do partido, Antonio de Rueda, e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), a avaliação foi de que sua saída da liderança abriria uma “disputa fraticida” por sua sucessão, em um partido que há muito tempo vive rachado.
PERFIL TÉCNICO
Sem consenso interno, o União Brasil avalia indicar um nome técnico para o Ministério das Comunicações. A ideia, que tem sido avaliada por integrantes da cúpula do partido, é vista como alternativa para colocar panos quentes no embate interno e não correr o risco de perder a pasta.
Como à CNN divulgou, uma opção seria Miguel Matos, presidente do Conselho de Comunicação Social.
Nesta quarta (23), um interlocutor afirmou à CNN que nenhum deputado da legenda tem demonstrado interesse em assumir a função. A pasta também não iria para um senador. Por isso, a saída seria indicar um nome ligado ao setor pelo perfil técnico.
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), conversou com o presidente Lula (PT), sobre o assunto. O encontro ocorreu fora da agenda oficial dos chefes de Poderes.
O União Brasil detém três pastas na Esplanada. Além das Comunicações, também comanda as pastas de Turismo e Integração.