BRASIL, 25 de março de 2024 – A liderança que Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, exerce no PCC (Primeiro Comando da Capital) está sendo contestada por alguns membros da cúpula da facção criminosa.
A profundidade do racha na organização ainda não está clara, mas já está motivando assassinatos de criminosos leais a diferentes líderes do grupo fora dos presídios.
Ao menos dois casos foram registrados e autoridades de segurança de todo o país estão em alerta para uma possível escalada da violência entre criminosos dentro e fora das prisões.
Policiais que integram o serviço de inteligência do Departamento Penitenciário Nacional, subordinado ao Ministério da Justiça, e fontes do Judiciário confirmaram à reportagem a disputa pelo poder na facção.
Segundo eles, tudo começou após o vazamento de uma gravação de áudio em que Marcola debocha de um de seus principais “generais” – Roberto Soriano, o “Tiriça”, número dois na hierarquia da facção.
A conversa teria sido gravada com autorização judicial, mas, sem o conhecimento de Marcola, e repassada amplamente dentro do primeiro escalão da organização criminosa.
Soriano teria acusado Marcola de traição, por ferir as regras do grupo, e tentou tomar o poder para si. Ele teria inclusive arquitetado um plano para tentar matar o agora rival.
O plano só não deu certo porque a “rua”, como são chamados os faccionados que estão em liberdade, não concordou com a troca de comando.
O criminoso era um dos principais parceiros de Marcola. Responsável por algumas das ações mais violentas da facção, teria partido dele a ordem para executar três policiais penais entre os anos de 2016 e 2017.
Outra versão para o racha é que Soriano e ao menos outros três membros da cúpula do PCC teriam acusado Marcola de ser um “delator”, decidido expulsá-lo da facção e decretar sua morte. Em resposta, Marcola teria acusado os quatro de traição e ordenado que fossem mortos.
Marcola, Soriano e outros membros da cúpula do PCC estão presos na Penitenciária Federal de Brasília, mas, em tese, não seriam capazes de manter contato uns com os outros por causa do regime de isolamento que vigora na unidade prisional.
As lideranças do PCC foram enviadas para presídios federais em 2019.