
BRASÍLIA, 17 de março de 2025 – A Polícia Federal (PF) acessou ilegalmente mensagens privadas do advogado Ralph Tórtima durante apuração de um tumulto ocorrido em 14 de julho de 2023, no Aeroporto de Roma, na Itália. O caso envolveu o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, seu filho, Alexandre Barci, e uma família brasileira. Tórtima defende os suspeitos de uma suposta agressão contra Barci. No documento enviado ao relator Dias Toffoli, a PF detalhou diálogos entre o advogado e o empresário Roberto Mantovani, apontado como participante do episódio.
O incidente ganhou destaque quando Mantovani enviou a Tórtima um vídeo pelo WhatsApp. Na gravação, Moraes aparece entrando em um carro enquanto pessoas ao redor o hostilizam. A PF informou que o empresário perguntou ao advogado se o material era autêntico. Tórtima respondeu que não podia confirmar se as imagens foram captadas na Itália, mas sugeriu que provavelmente não. Assim, o caso foi encerrado sem indiciamentos.
Além disso, a investigação revelou que Tórtima orientou Mantovani a evitar contato com a imprensa. Em uma mensagem, o advogado escreveu que jornalistas “distorcem as palavras” e pediu um relato detalhado do ocorrido no aeroporto. Quando Mantovani questionou se podia enviar o texto pelo próprio celular, Tórtima recomendou o uso de outro aparelho, diferente dos usados por Andreia Munarão e Alex Zanatta Bignotto, presentes no tumulto.
DETALHES DA APURAÇÃO
A PF quebrou o sigilo de Tórtima para mapear as comunicações relacionadas ao caso. O advogado, por sua vez, criticou a investigação à revista Oeste. Ele apontou “ilegalidades e abusos” no processo, destacando que o suposto crime, de menor potencial ofensivo, ocorreu fora do Brasil, o que limitaria a competência nacional. Tórtima também condenou o vazamento de suas conversas, classificando-o como “intencional” e “repugnante”, e afirmou que estuda medidas legais.
Por fim, o relatório da PF não apresentou acusações formais. O documento focou nas trocas de mensagens e no vídeo, mas não estabeleceu vínculo definitivo entre as imagens e o episódio em Roma. A investigação, concluída em 2023, expôs a cautela de Tórtima ao lidar com Mantovani e a imprensa.