VITORINO FREIRE, 04 de junho de 2024 – O gerente afastado da Codevasf, Julimar Alves da Silva Filho, está sendo investigado por suspeita de receber propinas em contratos financiados por emendas do atual Ministro das Comunicações, Juscelino Filho (União Brasil).
A Polícia Federal (PF) apura irregularidades nesses contratos, alguns dos quais foram custeados por emendas de Juscelino quando ele ainda era deputado federal. A empresa Construservice, associada a Eduardo José Barros Costa, conhecido como Eduardo DP, está no centro das investigações.
A operação Odoacro da PF, que investiga a atuação da Construservice em contratos no Maranhão, levou ao afastamento de Julimar da Codevasf. Relatórios indicam que Juscelino Filho e Eduardo DP teriam influências dentro da Codevasf, incluindo o afastado Julimar, para desviar recursos.
Documentos obtidos pela quebra de sigilo mostram que Julimar e sua esposa receberam cerca de R$ 250 mil de contas ligadas ao grupo empresarial de Eduardo DP, durante o período em que ele fiscalizava obras de pavimentação asfáltica.
O Ministério das Comunicações negou qualquer envolvimento de Juscelino Filho, afirmando que ele não tinha contato com Julimar nem com as irregularidades.
Julimar, por sua vez, alegou à Folha de S. Paulo que os valores recebidos da Construservice eram por serviços prestados por sua esposa e que ele não tinha responsabilidade direta sobre pagamentos ou medições de obras contratadas pela prefeitura em convênios com a Codevasf.
Ele enfatizou que a responsabilidade pela execução e fiscalização das obras é do município.
A investigação também se estende a obras em Vitorino Freire (MA), cidade governada pela irmã de Juscelino, Luanna Rezende. Uma dessas obras, financiada por um convênio de R$ 5,2 milhões com verba indicada por Juscelino, foi fiscalizada por Julimar.
A PF constatou que muitas ruas da cidade estavam em péssimas condições, apesar de 85% da obra ter sido declarada concluída.
A PF investiga diálogos entre Juscelino e Eduardo DP que sugerem ajustes em contratos da Codevasf. Em um diálogo de junho de 2019, Juscelino escreve ao empresário sobre a necessidade de “ajustar as coisas” relacionadas à obra da Codevasf, sugerindo um envolvimento direto nos contratos.
Juscelino Filho foi ouvido pela PF, mas o depoimento foi interrompido após ele se recusar a responder certas perguntas.
Em nota, Juscelino criticou o método de interrogatório, comparando-o às práticas da Operação Lava Jato, que ele acredita terem causado danos a pessoas inocentes.