
BRASÍLIA, 15 de abril de 2025 – Um levantamento do Instituto Opinião expõe a erosão da credibilidade do Supremo Tribunal Federal (STF) perante a população: 49% dos brasileiros declaram não confiar na Corte, enquanto apenas 24,7% afirmam depositá-la plenamente.
Os dados, coletados em todas as regiões do país com 2 mil entrevistados (margem de erro de 2 pontos), mostram um cenário de descontentamento institucional que ultrapassa o Judiciário e atinge também o Congresso Nacional.
A desconfiança atinge seu ápice no Sul (58,1%) e no Centro-Oeste/Norte (50,6%), enquanto o Nordeste apresenta divisão mais equilibrada: 41,7% rejeitam o STF, mas 25,7% manifestam confiança elevada.
Para o sociólogo Arilton Freres, diretor do instituto, o protagonismo do Supremo em decisões politicamente polarizadas explica parte do fenômeno. “Quando uma corte assume papel central em debates que dividem a sociedade, é natural que parte da população questione sua legitimidade”, analisa.
CONGRESSO NA BERLINDA
A crise de representatividade não poupa o Legislativo:
- Câmara dos Deputados: 49,8% avaliam como “ruim” ou “péssimo”;
- Senado Federal: 48,1% compartilham a mesma percepção.
Freres ressalta o descolamento entre eleitores e eleitos: “Muitos não lembram em quem votaram. Sem conexão, a representação vira abstração”.
Freres ressalta o descolamento entre eleitores e eleitos: “Muitos não lembram em quem votaram. Sem conexão, a representação vira abstração”.
QUEM RESPONDEU?
O perfil dos entrevistados reflete a diversidade nacional:
- 53% mulheres, 47% homens;
- 40% com ensino fundamental, 42% médio completo;
- 46% com renda familiar de até 2 salários mínimos.
Os números sugerem mais que insatisfação pontual: sinalizam um deficit de fé nas instituições. Em tempos de polarização, a conclusão do estudo é clara: sem transparência e diálogo, o risco é o aprofundamento do cinismo político.
“Democracias não sobrevivem sem confiança”, adverte Freres.