
BRASÍLIA, 26 de fevereiro de 2025 – O presidente Lula demitiu nesta terça (25) a ministra da Saúde, Nísia Trindade. Seu substituto será o petista Alexandre Padilha, ex-secretário de Relações Institucionais.
Com essa mudança, a representatividade feminina no governo diminui. Agora, das 38 pastas ministeriais, apenas nove são comandadas por mulheres, contrastando com a promessa de Lula de que o número de mulheres no governo superaria o de homens.
As mulheres no atual governo são:
- Luciana Barbosa, Ciência e Tecnologia
- Margareth Menezes, Cultura
- Macaé Evaristo, Direitos Humanos
- Esther Dweck, Gestão e Inovação
- Anielle Franco, Igualdade Racial
- Marina Silva, Meio Ambiente
- Cida Gonçalves, Mulheres
- Simone Tebet, Planejamento
- Sonia Guajajara, Povos Indígenas
Nísia Trindade é a quarta mulher do primeiro escalão a ser demitida desde o início do governo. Em 2023, Daniela Carneiro foi dispensada do Ministério do Turismo, Ana Moser deixou o Ministério do Esporte e Rita Serrano saiu da presidência da Caixa Econômica Federal.
GAFES DURANTE O GOVERNO
Nomeada ministra da Saúde no início do governo, Nísia surpreendeu por sua formação acadêmica. Embora tenha sido presidente da Fiocruz por seis anos, é graduada em Ciências Sociais e mestre em Ciência Política.
A primeira polêmica de sua gestão ocorreu em outubro de 2023, quando o Ministério da Saúde promoveu um evento que gerou indignação ao apresentar uma performance de dança erótica. O evento, que custou R$ 1 milhão aos cofres públicos, foi classificado como um “caso isolado” pela pasta.
Outra situação controversa ocorreu em dezembro de 2023, quando o ministério destinou R$ 55 milhões para Cabo Frio (RJ), cidade onde o filho de Nísia, Márcio Lima Sampaio, foi nomeado secretário de Cultura no mês seguinte.
A crise no Ministério da Saúde se intensificou com a falta de medicamentos essenciais. Em março de 2024, pacientes com hanseníase tiveram seus tratamentos interrompidos devido à escassez de remédios. O governo também falhou na distribuição de vacinas contra a covid-19, resultando na perda de 4,2 milhões de doses.
A crise mais grave ocorreu em outubro de 2024, quando nove pacientes receberam órgãos e tecidos contaminados com HIV em um hospital no Rio de Janeiro. Seis pacientes foram infectados e um faleceu.
A demora de um mês para a resposta do Ministério foi criticada, e o infectologista Francisco Cardoso classificou o episódio como “o pior escândalo da história do Ministério da Saúde”.
A pressão sobre Nísia também aumentou devido à crise de dengue. A Organização Pan-Americana da Saúde alertou sobre o aumento expressivo dos casos, mas as medidas do governo foram consideradas insuficientes.
Até a 46ª semana epidemiológica de 2024, o Brasil registrou mais de 9,5 milhões de casos, um aumento de 255% em relação ao ano anterior.
A aquisição de apenas 5 milhões de doses da vacina contra a dengue também gerou críticas, por ser insuficiente para a imunização em larga escala.