
BRASÍLIA, 03 de maio de 2025 – A trajetória de Carlos Lupi em governos do PT segue um enredo conhecido. Nesta sexta (2), o pedetista pediu demissão do Ministério da Previdência após a revelação de um esquema milionário de fraudes no INSS. O gesto, embora apresentado como voluntário, repete o roteiro de sua saída do governo Dilma em 2011, igualmente marcada por denúncias.
No governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), Lupi deixou o comando do Ministério do Trabalho após denúncias de cobrança de propina por assessores da pasta para facilitar repasses a Organizações Não Governamentais (ONGs).
Na época, o ministro também teve de explicar uma viagem em um jatinho fretado por uma entidade que, por coincidência, recebeu verbas do ministério meses depois.
Não bastasse, foi apontado como assessor-fantasma do PDT na Câmara dos Deputados. Segundo a denúncia, acumulava cargos em Brasília e no Rio de Janeiro — uma espécie de bilocação administrativa.
A permanência de Lupi no cargo em 2011 foi marcada por frases de efeito. Uma delas ganhou notoriedade: “Duvido que a Dilma me tire. Para me tirar, só abatido à bala”. Dois dias depois, durante sessão no Congresso, o ministro pediu desculpas à presidente e declarou: “Eu te amo”.
Apesar das negativas, a Comissão de Ética Pública da Presidência recomendou sua exoneração, advertindo-o por violar o Código de Conduta da Alta Administração Federal. Lupi resistiu por quase um mês, mas acabou entregando o cargo na véspera do anúncio oficial de sua demissão.
Em 2023, o ministro retornou ao primeiro escalão, desta vez no governo Lula. E, novamente, o desfecho seguiu o roteiro. Após denúncias de fraudes no INSS que movimentaram milhões de reais em benefícios suspeitos, Lupi anunciou sua saída.
Nas redes sociais, o agora ex-ministro agradeceu ao presidente pela “confiança” e garantiu que seu nome não apareceu nas investigações. Disse ainda apoiar integralmente a apuração dos fatos e pediu punição “com rigor” aos responsáveis, sem, claro, deixar de exaltar a atuação da própria pasta.
Após o pedido de Lupi, o Palácio do Planalto confirmou a saída e anunciou o convite a Wolney Queiroz, atual secretário-executivo da Previdência, para assumir o comando da pasta.
O nome, amplamente ventilado nos bastidores antes mesmo do anúncio oficial, foi confirmado em nota pela Presidência da República.