
BOM LUGAR, 5 de junho de 2025 – Policiais militares que integram uma milícia invadiram, sem mandado judicial, propriedade rural da família Reis. As invasões já duram meses e foram iniciadas em meados de maio de 2025. Localizada na zona rural do município de Bom Lugar, a área regularizada em 1985 é disputada por grileiros que contam com apoio da milícia para avançar loteamentos ilegais.
PROPRIEDADE E AMEAÇAS
A família Reis ocupa a fazenda desde 1947, e o terreno foi regularizado pelo Estado do Maranhão em 1985. Desde 2020, grileiros tentam dividir a área em lotes irregulares, com respaldo tácito de policiais do destacamento local. Em novembro de 2024, PMs acusaram trabalhador de invadir quintal na Rua Manoel Severo, na entrada do município. As ações se intensificaram em 2025, quando a polícia entrou na biblioteca Pedro e Luzia Reis e intimidou responsáveis pela catalogação de livros.
INCIDENTES E DENÚNCIAS
Em janeiro de 2025, policiais entraram na biblioteca mantida pela família, intimidaram a catalogadora de livros. Mais uma vez acusando trabalhadores de invasão sem apresentar mandado. Já em maio, PMs invadiram os fundos do quintal da residência principal, prenderam dois funcionários e mantiveram-nos horas dentro da viatura em frente à Delegacia de Bacabal, mesmo após serem informados da chegada de advogado. A defesa precisou prestar atendimento nos próprios veículos, pois o sargento se recusou a apresentar o caso ao delegado, alegando falta de flagrante.
Em outra ação, policiais forjaram um Termo Circunstanciado de Ocorrência para imputar invasão de propriedade aos trabalhadores, mas o sargento responsável não assinou o documento. O termo foi “lavrado” na porta da delegacia de forma completamente ilegal.
Acionado pela defesa da família, o tenente-coronel Aurélio, comandante do destacamento de Lago da Pedra, a PM só pode entrar em imóveis com mandado judicial, o que não ocorreu. O que deixa escancarado o crime cometido pelos milicianos.
No primeiro ocorrido, em novembro de 2024, os milicianos adentraram a propriedade e forçaram um trabalhador contratado a interromper o serviço, sob ameaça de prisão. Em janeiro de 2025, quando do reinício do serviço, os policiais entraram na biblioteca mantida pela família, localizada na frente da residência construída em 1947.
Uma funcionária responsável pela catalogação de livros afirma ter sido intimidada pela presença deles e alguns usuários da biblioteca deixaram de ir após o episódio. Já em maio, eles tornaram a invadir os fundos do quintal da residência principal, sendo filmados enquanto prendiam sem justificativa e sem mandado judicial, dois trabalhadores, detendo-os por horas.
Quando foram informados da chegada de advogado dos trabalhadores, os policiais se dirigiram a Bacabal, aparentemente para causar desencontro. Lá ficaram estacionados em frente à Delegacia da Polícia Civil, sem apresentar o caso ao Delegado. A defesa, após uma hora procurando os clientes, precisou prestar atendimento dentro da viatura, pois um sargento se recusou a entrar na Delegacia.
Nesse dia, os policiais fizeram os trabalhadores fornecerem seus dados pessoais e assinar um Termo Circunstanciado de Ocorrência forjado, no qual o sargento sequer assinou, coagindo-os a assumirem ter praticado invasão de propriedade.
O comandante do Batalhão de Lago da Pedra, Tenente Coronel Fábio Aurélio, responsável pelo destacamento em Bom Lugar, ao saber do ocorrido reafirmou que a PM só pode entrar em imóveis com mandado judicial.
MEDIDAS LEGAIS
Todas ocorrências foram relatadas à Promotoria Especializada de Bacabal e à Corregedoria Geral da Polícia Militar, que abriu inquérito para apurar abusos.
Os advogados Artur Bugarin e Ana Reis estiveram em reunião com o Subsecretário de Segurança Pública, Coronel QOPM Schnneyder, o qual está acompanhando esse caso e a investigação na Corregedoria.