
MARANHÃO, 1º de julho de 2025 – Após quase 20 dias sem contato, o maranhense Rafael Paixão, de 29 anos, finalmente se comunicou com a família no último sábado (28). Recrutado para atuar como voluntário no exército da Ucrânia, Rafael enviou uma breve mensagem por vídeo.
A família de Rafael, natural de Imperatriz (MA), viveu dias de apreensão desde que perdeu o contato com o jovem. A mãe dele, Neila Paixão, relatou o momento do reencontro virtual com o filho e o drama que enfrentou no período de silêncio.
“Ele fez uma chamada de vídeo, mas não pôde falar muito porque o comandante estava ao lado dele”, contou.
Segundo Neila, o maranhense integra um grupo especial de resgate que atua em áreas de alto risco. Para isso, fez um curso específico antes de ser designado para o combate. “Ele está num grupo praticamente de mercenários. Os estrangeiros vão para sofrer. Meu coração está apertado demais”, desabafou a mãe.
Ela revelou ainda que o filho foi influenciado por colegas que conheceu na Holanda, país para onde se mudou em agosto de 2024, após interromper o curso de Direito em Imperatriz. A decisão de se voluntariar veio após o fim de um relacionamento amoroso.
SEM PREVISÃO DE RETORNO
Apesar do alívio com a confirmação de que Rafael está vivo, a família segue em estado de angústia. Ele teria informado que os superiores militares querem enviá-lo para uma nova missão, contra sua vontade. “Se fosse por dez dias, ele já teria voltado. Já se passaram mais de 20 dias e ainda sem previsão de retorno”, afirmou Neila.
A situação em que Rafael se encontra é delicada. De acordo com a família, ele só poderá sair da zona de combate em um carro-tanque, devido à presença de minas terrestres.
Durante o período de desaparecimento, a família buscou ajuda de autoridades brasileiras e estrangeiras. Enviaram e-mails ao governo ucraniano e tinham reuniões marcadas com representantes do governo federal.
“Estava marcado um encontro com o Ministro das Comunicações em Brasília. Também planejava ir à embaixada da Ucrânia e até à de Moscou, pois havia a suspeita de que ele tivesse sido capturado”, disse Neila.
Segundo ela, a embaixada brasileira na Ucrânia manteve contato diário com a família, mas não conseguia oferecer informações concretas. “O consulado não dava um posicionamento claro. A única certeza que passavam era que ele estava morto.”
Com a confirmação de que Rafael está vivo, veio o alívio — ainda que temporário. “Foi muita tortura emocional. Ainda sentimos alívio, mas a angústia permanece”, declarou Neila.
A família chegou a cogitar enviar um dos irmãos de Rafael à Ucrânia, numa tentativa desesperada de trazê-lo de volta ao Brasil.







