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MARANHÃO, 03 de dezembro de 2024 – O Maranhão figura entre os estados com mais registros de violência no campo em 2024, especialmente em casos relacionados à contaminação por agrotóxicos.
Segundo relatório parcial da Comissão Pastoral da Terra (CPT), divulgado nesta segunda (2), o estado concentrou 156 das 182 ocorrências desse tipo no Brasil, envolvendo comunidades afetadas por pulverização aérea.
A fronteira agrícola conhecida como Matopiba, que abrange partes do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, apresentou aumento expressivo em diferentes formas de violência.
No primeiro semestre de 2024, as ameaças de despejo subiram 60%, enquanto as expulsões aumentaram 150%. O desmatamento ilegal e a destruição de roçados cresceram 16,67% e 30%, respectivamente.
Apesar da queda nos números gerais de conflitos no campo em comparação a 2023, a violência contra a pessoa aumentou nessa região, diferindo de outras áreas, como a Amazônia Legal, onde os índices apresentaram redução.
CONTEXTO GERAL E TIPOS DE VIOLÊNCIA
O relatório da CPT contabilizou 1.056 conflitos no campo no Brasil entre janeiro e junho de 2024, sendo 872 por terra, 125 por água e 59 relacionados ao trabalho análogo à escravidão, com 441 trabalhadores resgatados.
Apesar da redução geral nos conflitos, o número de incidentes ligados à água foi o quinto maior desde 2015, totalizando 125 ocorrências.
As principais vítimas de conflitos pela terra foram posseiros, quilombolas e integrantes do movimento sem-terra, enquanto fazendeiros, empresários e governos estaduais figuraram entre os principais responsáveis pelas violações.
Nos conflitos pela água, povos indígenas lideraram o número de vítimas, seguidos por quilombolas, posseiros e pescadores.
CONTAMINAÇÃO POR AGROTÓXICOS E DEGRADAÇÃO AMBIENTAL
A contaminação por agrotóxicos registrou um aumento alarmante, saltando de 19 casos no primeiro semestre de 2023 para 182 em 2024. O Maranhão liderou com ampla maioria dos registros, seguido por comunidades impactadas na Amazônia Legal.
Além disso, o estado foi um dos que mais sofreram com desmatamento ilegal, totalizando 14 dos 100 casos registrados nacionalmente no período. As comunidades indígenas foram as mais afetadas, com 76% dos incidentes concentrados na Amazônia Legal.