
MARANHÃO, 17 de abril de 2025 – Dados do Censo 2022 mostram que estruturas cicloviárias seguem raridade urbana no país; Santa Catarina avança, enquanto Maranhão e Amazonas mantêm a tradição de ficar no retrovisor da mobilidade urbana.
Menos de 2% da população urbana do Brasil mora em ruas com alguma forma de estrutura para ciclistas. É o que revela a mais nova publicação do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), com dados do Censo Demográfico de 2022.
Em termos absolutos, são cerca de 3,3 milhões de moradores com acesso a ciclovias, ciclorrotas ou ciclofaixas nas vias onde residem, em um país com mais de 200 milhões de habitantes.
Mais da metade dos municípios brasileiros — exatamente 3.012 dos 5.570 — sequer contam com qualquer sinalização voltada para bicicletas. Isso inclui tanto cidades pequenas quanto médias e grandes.
O estudo considera apenas áreas urbanizadas e leva em conta qualquer tipo de sinalização para ciclistas, daquelas faixas pintadas de última hora para um “domingo no parque” até ciclovias estruturadas.
Joinville (11,2%), Jaraguá do Sul (9,8%), Itajaí-Balneário Camboriú (7,2%), Florianópolis (7,1%) e Blumenau (6,8%) lideram o ranking nacional entre as chamadas concentrações urbanas — áreas com mais de 100 mil habitantes.
No topo da lista entre os municípios está Balneário Camboriú, onde 14% da população mora em ruas com algum tipo de estrutura cicloviária.
São Paulo, a maior metrópole do país, registra 3,7% de seus moradores com acesso direto a essas estruturas — uma média que, embora superior à nacional, ainda parece tímida para uma cidade que enfrenta congestionamentos históricos.
Mas é nas extremidades do ranking que a ironia do dado ganha força. Santa Catarina ostenta a maior proporção de moradores com estrutura cicloviária (5,2%).
Já o Maranhão e o Amazonas compartilham o penúltimo lugar com 0,5%, seguidos de perto pelo Tocantins, com 0,6%. Uma honraria que o Maranhão, tradicionalmente esquecido em rankings de infraestrutura, mantém com zelo.
Além da geografia, o levantamento também revela que entre os que se autodeclaram amarelos, 4,2% vivem em ruas com estrutura para bicicletas. Entre brancos, o índice é de 2,5%. Já as populações pretas e indígenas aparecem com 1,4% e 1,1%, respectivamente.
Nas cidades menores, chamadas de centros locais, a situação é ainda mais crítica: apenas 0,5% dos moradores têm alguma estrutura cicloviária por perto. É a mesma média do Maranhão. Coincidência?