BRASÍLIA, 30 de julho de 2024 – O presidente Lula comentou pela primeira vez, nesta terça (30), sobre a eleição realizada na Venezuela no domingo. Na segunda, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) oficializou a reeleição do presidente Nicolás Maduro, com pouco mais de 5 milhões de votos, apesar das alegações de fraude pela oposição.
Maduro está no poder desde 2013. Lula descreveu o processo eleitoral como “normal” e “tranquilo”. Em entrevista à TV Centro América, afiliada da TV Globo em Mato Grosso, Lula afirmou:
“Como vai resolver essa briga? Apresenta a ata”. Ele explicou que, se houver dúvidas entre oposição e governo, a oposição deve recorrer à Justiça, que tomará uma decisão final. “Estou convencido de que é um processo normal, tranquilo. O que precisa é que as pessoas que não concordem tenham o direito de se expressar e provar seu ponto de vista, enquanto o governo deve provar que está certo.”
Os opositores do regime chavista alegam que o principal candidato da oposição, Edmundo González, venceu com 70% dos votos. A comunidade internacional também expressou dúvidas sobre a transparência do pleito.
A diplomacia brasileira, representada pelo assessor especial Celso Amorim, em missão oficial na Venezuela, também pediu clareza no processo.
Durante a entrevista, Lula condicionou o reconhecimento da legitimidade do pleito à apresentação das atas eleitorais. “Quando as atas forem apresentadas e se comprovarem verdadeiras, todos nós devemos reconhecer o resultado eleitoral da Venezuela”, declarou.
As atas são documentos que registram os votos de cada urna. No entanto, no pleito de domingo, as atas não foram devidamente apresentadas, e o governo venezuelano mencionou falhas no sistema. O jornal O Estado de São Paulo informou que Maduro prometeu apresentar as atas em alguns dias.
Após a eleição, sete países latino-americanos manifestaram rejeição ao resultado, levando Maduro a expulsar os corpos diplomáticos da Argentina, Chile, Costa Rica, Panamá, Peru, República Dominicana e Uruguai.
Além disso, uma onda de protestos contra o regime chavista varreu a Venezuela, resultando na morte de pelo menos quatro pessoas.
Em nota divulgada na manhã de ontem, o governo brasileiro destacou “o caráter pacífico da jornada eleitoral na Venezuela” e acompanhou atentamente o processo de apuração.
Já o Partido dos Trabalhadores (PT), ao qual Lula é filiado, reconheceu publicamente a reeleição de Maduro, classificando o processo eleitoral como “uma jornada pacífica, democrática e soberana”.
Lula comentou que a nota do PT elogiava o povo venezuelano pela condução pacífica das eleições, minimizando as críticas: “Não tem nada de grave, não tem nada de assustador. Vejo a imprensa brasileira tratando como se fosse a Terceira Guerra Mundial. Não tem nada de anormal.”