BRASÍLIA, 16 de agosto de 2023 – O encontro de cerca de uma hora e meia na quarta (16) entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), fechou quase todos os detalhes da 1ª reforma ministerial da administração petista. O Centrão (grupo de partidos de centro-direita) ficará com:
- ministérios do Desenvolvimento Social e o de Portos e Aeroportos;
- presidência e 12 vice-presidências da Caixa Econômica Federal;
- comando da Funasa (Fundação Nacional da Saúde).
Na terça (15), Lula havia pedido um tempo para decidir o que fazer a respeito do Ministério do Desenvolvimento Social, hoje comandado pelo senador licenciado Wellington Dias (PT-PI). O petista sofreu muita resistência para retirar Dias da cadeira. Atuam fortemente a favor do atual ministro: alas do comando do PT e a primeira-dama, Janja Lula da Silva.
Ao final, ficou decidido que o Desenvolvimento Social será entregue ao Centrão, mas sem o Bolsa Família, uma marca histórica de governos petistas. O programa vai para o Ministério da Gestão e Inovação ou para a Casa Civil.
Dias defendia a permanência do programa no ministério porque será preciso alterar a lei que recriou o Bolsa Família e têm no seu escopo outros 33 programas governamentais. Essa configuração teria sido um pedido do próprio presidente Lula.
O novo ministro do Desenvolvimento Social será o deputado federal André Fufuca (PP-MA). Ele e o Centrão aceitaram ficar sem o Bolsa Família porque o ministério tem muitos outros programas e uma atuação de grande capilaridade nos Estados, facilitando o direcionamento de emendas de congressistas.
Fufuca embarcou no início da tarde desta quinta (17) para São Paulo, de carona num jatinho da FAB (Força Aérea Brasileira) requerido por Lira. O presidente da Câmara teve compromissos na capital paulista na quinta e tem na sexta (18).
Ao desembarcar na capital paulista, Fufuca recebeu um telefonema do Palácio do Planalto. Foi pedido a ele que retornasse imediatamente para Brasília –era para ele acertar sua nomeação para o cargo de ministro do Desenvolvimento Social. O deputado fez o caminho de volta imediatamente.
O PC do B e o PSB, partidos que serão mais impactados pela reforma, estão irritados com o PT. Avaliam que o partido de Lula quer manter sua hegemonia no governo e não aceita cortar na própria carne para ampliar a base de apoio. Ao resolver o problema do Centrão, o presidente contrata outro atrito, este de bem menos impacto, mas que pode lhe render dor de cabeça.
Antes de concluir as mudanças, Lula terá que conversar com os ministros envolvidos. Luciana Santos, por exemplo, ainda não foi chamada pelo presidente ou outro integrante do Planalto para discutir uma possível mudança de ministério.
Eis os outros temas discutidos entre Lula e Arthur Lira sobre a reforma ministerial e assuntos correlatos:
- Bolsa Família – sai do Ministério de Desenvolvimento Social e deve ir para a Gestão e Inovação ou Casa Civil;
- Caixa Econômica – Lula pediu que a presidência fique com Margarete Coelho, do PP, embora ela não tenha experiência no setor bancário. Disse a Lira que poderá escolher o substituto da ex-deputada na diretoria financeira do Sebrae. O Centrão poderá também nomear todos os 12 vice-presidentes da Caixa, inclusive Gilberto Occhi, que havia sido cotado inicialmente para o comando do banco;
- Republicanos – ficará com o ministério de Portos e Aeroportos, que deverá ser comandado por Silvio Costa Filho (PE). Também assumirá a Funasa (Fundação Nacional de Saúde). O presidente do partido, Marcos Pereira, ainda decide o nome;
- Wellington Dias – não está claro seu destino. Lula ainda cogita criar o 38º ministério, de Micro e Pequenas Empresas. Pode ser comandado por Dias.
Veja na imagem abaixo como era a Esplanada de Lula no dia da posse: