BRASÍLIA, 03 de novembro de 2025 – O governo federal intensificou o uso de influenciadores digitais para divulgar programas e políticas públicas. A estratégia, adotada na gestão do presidente Lula (PT), busca ampliar o alcance das ações oficiais e fortalecer a imagem do governo entre diferentes públicos.
A iniciativa segue modelos semelhantes aos aplicados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e pelo Partido dos Trabalhadores (PT).
No segundo semestre, a Secretaria de Comunicação Social contratou produtores de conteúdo de estilos variados para disseminar informações sobre políticas governamentais.
Alguns influenciadores adotaram postura favorável à esquerda e críticas a setores da direita, em meio à expansão dos investimentos em publicidade digital.
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GASTOS COM PUBLICIDADE DIGITAL CRESCEM 360%
Em setembro, o governo registrou gastos de R$ 8,4 milhões com anúncios em plataformas da Meta, empresa responsável pelo Facebook e Instagram. O valor representa aumento de 360% em relação aos R$ 4,7 milhões desembolsados nos dois meses anteriores. Com isso, o governo se tornou o principal financiador de conteúdo político impulsionado nessas redes.
Parlamentares da oposição questionaram os contratos e solicitaram explicações à Secretaria de Comunicação sobre os critérios de seleção dos influenciadores e os valores pagos.
As cobranças ocorreram durante a análise do projeto que propõe isenção do Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil. Até o momento, a Secom não apresentou esclarecimentos.
CONTRATAÇÕES ENVOLVEM DIVERSOS PERFIS
Entre os contratados estão criadores que produzem conteúdos culturais, regionais e de humor, como o publicitário Paulo Victor “PV” Freitas e a atriz Isis Vieira, reconhecidos por abordar temas do Nordeste e do Norte do país.
Outros preferem comentar política e economia com tom analítico, evitando exposição direta de posicionamentos ideológicos.
Alguns influenciadores mantinham simpatia pelo governo antes dos contratos. Parte deles também colabora com o Instituto Conhecimento Liberta (ICL Notícias), veículo de comunicação identificado com pautas progressistas.
Em setembro, participaram do evento “Desperta 2025 – A Revolução Necessária”, e, na semana seguinte, estiveram em um encontro promovido na Usina Binacional de Itaipu.
A aproximação com influenciadores acompanha iniciativas recentes de outras instituições. Em agosto, o STF reuniu 26 criadores de conteúdo em Brasília, enquanto o PT realizou, em outubro, o seminário PTech para discutir estratégias digitais.
Entre os nomes de destaque está Lauany Schultz, especialista em Direito do Estado, com 170 mil seguidores no Instagram. Inicialmente conhecida por conteúdos sobre feminismo e comportamento, passou a divulgar programas como Luz para Todos e o Projeto de Lei nº 1.087/2025, que trata da isenção do Imposto de Renda.
A publicitária catarinense Carolline Sardá, de 28 anos, também integra o grupo. Ela aborda temas ligados ao feminismo e aos direitos das mulheres e foi contratada para divulgar o programa Luz para Todos após começar a comentar pautas políticas em suas redes.
Outros influenciadores adotam discurso abertamente progressista. A criadora de conteúdo Laura Sabino, com 618 mil seguidores, defende pautas de esquerda, participa de eventos do MST e sindicatos e divulga temas ligados ao governo.
O comunicador Thiago Foltran produz vídeos sobre políticas públicas e faz críticas a figuras da direita, como o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG). Já a atriz Beatris Brantes, conhecida por vídeos de humor e campanhas com marcas nacionais, colaborou em ações do STF e, posteriormente, do governo federal.
A estudante Martina Giovanetti, de Belo Horizonte, trata de temas internacionais com linguagem acessível e analisa a geopolítica sob ótica favorável ao governo. Ela lançou um e-book sobre o Brics e mantém um podcast sobre economia e relações internacionais.
