BRASÍLIA, 14 de junho de 2023 – O governo Lula teve um começo desfavorável na CPI das ONGs. A base aliada atrasou suas indicações até a noite de terça (13), numa tentativa de adiar o início dos trabalhos. No entanto, a comissão começou a funcionar no dia seguinte, deixando a bancada governista sem cargos de influência na mesa diretora do colegiado.
Na véspera da abertura, o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), tentou emplacar Beto Faro (PT-PA) como relator, mas não obteve sucesso. A relatoria ficou com Marcio Bittar (União Brasil-AC), escolha do presidente Plínio Valério (PSDB-AM), ambos da oposição ao governo. Oficialmente, a narrativa é de que a comissão não será contra o governo.
Os bastidores mostram, no entanto, que o objetivo é investigar a atuação das ONGs durante os 20 anos entre 2002 e 2022, período em que o PT governou por 13 anos. Os senadores da oposição que integram a CPI recorrem ao antigo discurso de uma conspiração internacional para explorar as “riquezas da Amazônia”. Alegam a existência de reservas minerais em terras indígenas demarcadas e acusam empresas e governos estrangeiros de explorarem essas áreas sob o disfarce de ONGs ambientais.
Segundo a CPI, mais de 370 ONGs atuam apenas na região do alto Rio Negro.