
MARANHÃO, 05 de abril de 2025 – Uma reportagem da Revista Piauí revelou novas suspeitas de irregularidades em um processo judicial movido contra a Vale no Maranhão, envolvendo advogados e figuras ligadas a um esquema de venda de sentenças.
O caso, que se arrasta há 15 anos, já teria custado mais de R$ 20 milhões à empresa, segundo estimativas de seus advogados. O Coaf identificou movimentações atípicas de valores sacados em nome de pescadores.
Em 2009, os advogados Wolmer de Azevedo Araújo e Arão Mendes de Melo entraram com ações alegando que 110 pescadores de São Luís foram prejudicados por um píer da Vale. Pediam indenizações e pensões mensais.
Em 2015, o juiz auxiliar Clésio Coelho Cunha autorizou o saque de R$ 8,3 milhões depositados pela empresa, contrariando decisão do STJ. No mesmo dia, os advogados sacaram R$ 9 milhões (com correção) e transferiram o valor para contas de terceiros, incluindo políticos e assessores.
O Coaf rastreou transferências de R$ 7,1 milhões para a esposa de Wolmer, R$ 1 milhão para o então advogado Fred Campos (atual prefeito de Paço do Lumiar) e R$ 900 mil para dois irmãos ligados ao gabinete do ex-deputado Edilázio Júnior (PSD-MA).
A Vale conseguiu no STJ a ordem para devolução dos valores, mas apenas R$ 6,6 milhões foram restituídos. Os R$ 2,4 milhões restantes desapareceram, e a Polícia Civil não investigou o caso.
Em dezembro de 2015, o ministro do STJ Antonio Carlos Ferreira anulou o bloqueio do dinheiro, alegando que se referia a apenas uma das ações. Com isso, o juiz Cunha liberou novo saque de R$ 5,9 milhões da conta da Vale.
O processo segue sem solução, enquanto a mineradora acumula prejuízos e os envolvidos nas suspeitas continuam sem punição.