ENTRELINHAS

Eduardo Braide é a esperança dos comunistas em 2026

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Prefeito de São Luís é visto como alternativa para 2026 por lideranças ligadas a Flávio Dino, mas relação ainda é marcada por cautela e desconfiança mútua

SÃO LUÍS, 1 de agosto de 2025 – Tudo indica que o prefeito de São Luís, Eduardo Braide (PSD), é hoje a aposta preferida das viúvas do comunismo no Maranhão. Movimentações recentes revelam um rearranjo silencioso no tabuleiro político do estado. Apesar da barulhenta pré-candidatura do vice-governador Felipe Camarão (PT), Braide desponta como a opção mais viável para nomes como Othelino Neto (Solidariedade), Márcio Jerry (PCdoB), Rodrigo Lago (PCdoB) e Carlos Lula (PSB).

Por enquanto, o cálculo é pragmático: derrotar Carlos Brandão, acusado pelo grupo de “traidor” por recusar-se a ser apenas um figurante no Palácio dos Leões. Para os dinistas, melhor apostar em Braide, mesmo que seja necessário abrir mão da cabeça de chapa agora, desde que isso lhes garanta fôlego político e, quem sabe, uma reedição do governo Flávio Dino.

E aqui cabe um lembrete que muitos preferem esquecer: essa aproximação não seria uma guinada. Braide foi o primeiro líder de governo de Flávio Dino na Assembleia Legislativa, em 2015. Há vídeos — centenas deles — com discursos inflamados de Braide em defesa do então governador comunista. Em todas as disputas para a Prefeitura, ele deixou claro que gostaria de ter tido o apoio de Dino.

Ou seja, essa história de que Braide é “o candidato conservador” só faz sentido para quem tem memória curta ou fé cega. No fundo, a possível reaproximação com os dinistas é menos uma mudança de rota e mais um retorno às origens. Para desespero de parte do eleitorado de centro-direita que ajudou a elegê-lo, Braide pode simplesmente estar voltando para casa.

O problema é que entusiasmo e desconfiança caminham juntos. Braide tem fama de abandonar aliados assim que vence. César Pires, Neto Evangelista, Weverton Rocha e até nomes nacionais colecionam histórias de promessas não cumpridas. Os dinistas sabem disso, mas preferem acreditar que, dessa vez, será diferente.

Nos bastidores, se fala de tudo: uma chapa com Braide ao governo e Camarão para o Senado, composições com Hilton Gonçalo (Mobiliza) e até especulações envolvendo Lahesio Bonfim (Novo). Nesse cenário, teríamos um palanque que uniria ex-comunistas, petistas e “conservadores” improvisados — o verdadeiro “samba do crioulo doido” da política maranhense.

Felipe Camarão segue repetindo aos quatro ventos que será candidato ao governo, como se a vontade bastasse para transformar sonho em realidade. O problema é que, se Braide estalar os dedos, todo esse projeto evapora. Aos dinistas, Camarão só serviria se assumisse o governo e concorresse com a máquina na mão, ocupando com zelo o papel de fantoche que Brandão recusou — e que Braide, com sua conhecida esperteza, talvez também não aceite. Fora desse cenário, a candidatura solo de Camarão não passa de um devaneio melancólico, que só ele parece levar a sério. Um sonhador delirante que ainda não percebeu que, no tabuleiro real, é apenas uma peça de reposição.

RECONFIGURAÇÃO EM CURSO

Braide, por sua vez, mantém silêncio. Não é falta de posição: é cálculo. Quanto menos se compromete, mais espaço tem para que velhos adversários venham até ele. Afinal, por que se apressar quando até comunistas arrependidos estão dispostos a puxar sua cadeira?

Para os dinistas, vale tudo para sobreviver. Para Braide, pode ser a chance de consolidar um movimento que, com um toque de ironia, não trai apenas a centro-direita que acreditou em sua conversão, mas também devolve o prefeito ao lugar de onde nunca deveria ter saído: o colo político de Flávio Dino.

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