RIO GRANDE DO SUL, 21 de maio de 2024 – O crédito do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), também conhecido como Banco dos Brics, destinado ao Rio Grande do Sul e anunciado recentemente por Dilma Rousseff, foi na verdade aprovado durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Dilma Rousseff, atual presidente do NBD, anunciou no Twitter a “liberação” de seis operações de crédito do banco, somando US$ 1,1 bilhão (R$ 5,7 bilhões) para a reconstrução do Rio Grande do Sul.
O post, compartilhado pelo perfil oficial do presidente Lula, inclui um vídeo de Dilma comentando o assunto e uma tabela detalhando as instituições financeiras que receberão o crédito, as áreas beneficiadas e os valores alocados.
Apesar de Dilma apresentar a “liberação” dos empréstimos como uma realização de sua gestão, investigações do Estadão revelam que quatro das seis operações já haviam sido aprovadas antes de sua nomeação à liderança do NBD em março de 2023.
As operações com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Banco do Brasil e Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), totalizando US$ 620 milhões (R$ 3,2 bilhões), foram planejadas e aprovadas entre 2020 e 2022, durante a gestão de Marcos Troyjo, então presidente da instituição.
Uma quinta operação, no valor de US$ 295 milhões (R$ 1,52 bilhão) destinada ao BRDE, não consta na lista de projetos em elaboração ou já aprovados pelo NBD.
A sexta operação, de US$ 200 milhões (R$ 1,03 bilhão), envolve o próprio NBD como banco captador, sugerindo que a instituição estaria emprestando dinheiro a si mesma.
O processo de aprovação de projetos pelo NBD, fundado em 2014 por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul para financiar projetos de desenvolvimento sustentável e infraestrutura, é complexo e demorado, semelhante ao de outros bancos multilaterais.
No Brasil, este processo inclui análise técnica e financeira e a exigência de garantias do Tesouro Nacional, conhecidas como garantia soberana. Após a aprovação do crédito pelo NBD, ainda é necessário o aval do Senado.
Embora Dilma Rousseff possa, durante sua gestão no NBD, aprovar novos projetos que beneficiem o Brasil e especialmente o Rio Grande do Sul, até o momento, as aprovações mais recentes datam da gestão anterior.