
SÃO LUÍS, 26 de outubro – Partindo-se do pressuposto que bons filmes não precisam de auxílio para serem admirados e assistidos, a Câmara dos Deputados aprovou um projeto que confirma a ruindade do cinema brasileiro. O Projeto de Lei 3696/23, aprovado nesta quinta (26), determina a reinstituição de uma cota obrigatória para exibição de filmes brasileiros em canais de TV por assinatura até o ano de 2038.
Ocorre que o cinema brasileiro é um cruzamento absurdo entre delírio e realidade. Delírio de grandeza e uma realidade de fracasso. Cineastas brasileiros produzem filmes ao longo das últimas décadas que a população simplesmente despreza. Segundo os envolvidos, a responsabilidade pelo oceano de fracasso não é da qualidade ruim das produções, mas da “ignorância” do público e da concorrência desleal com Hollywood.
Até antes da Netflix, vá lá. Ainda se podia entrar em dúvida sobre a falta de sensibilidade da população e do “imperialismo cultural”. Contudo, a enxurrada de produções espanholas, alemãs, argentinas, suecas e coreanas com milhões e milhões de visualizações e mostraram que não eram apenas as produções hollywoodianas melhores que as do Brasil. O resto do mundo também…
A Lei 3696/23 é um escárnio. Além de sacramentar a incapacidade de atrair público por mérito, também escancara a natureza de um estado canalha que força o sucesso de seus escolhidos por via de lei! Como se não bastassem os bilhões que saem dos bolsos dos brasileiros para custear filmes que ele não quer assistir via Lei Rouanet, agora também será retirado do brasileiro o direito de não assistir a lixo!
Não basta pagar por porcaria e sustentar os porcos, é preciso comer seu esterco. Oh, o Brasil…
A lei traz, em si mesma, algumas nuances que reforçam a autoconsciência do erro. Emenda proposta pelo deputado Marcos Soares (União-RJ), e aceita pelo relator, deputado José Guimarães (PT-CE), estipula que canais de menor porte, especificamente aqueles com menos de 150 mil assinantes, fiquem livres de passar o lixo nacional.
A preocupação de Marcos Soares é pertinente. A baixa audiência tende a sumir caso canais menores sejam obrigados a veicular porcaria em suas programações. No fundo, é uma espécie de “emenda Robin Hood”. Tira audiência dos grandes obrigando-os a veicular lixo e a repassa aos pequenos que estão liberados do sacrifício. É a política de “redistribuição de audiência”. Oh, o Brasil…
A infame lei ainda se refere à prorrogação da cota para distribuição de vídeo doméstico produzido no Brasil como VHS e DVD. Acreditem: a lei prevê cota para a distribuição dessas mídias até 2043.
A lei vai para o Senado. o presidente Rodrigo Pacheco poderia resolver a questão de forma simples. Bastava inserir na lei uma proposta que obrigasse políticos brasileiros a assistirem 4 filmes nacionais por semana.
Concordo que o castigo é árduo. Entre as torturas que o inferno reserva aos grandes pecadores que lá passarão a eternidade, assistir aos filmes da Xuxa deve estar nos primeiros lugares.
O cinema brasileiro é um lixo e nossos políticos querem nos obrigar a fingir que não.
Uma resposta
Que democracia é essa?
E a democracia do vagabundo comunista.
Filha puta ladrão!
Não assisti e nem vou assistir.