MARANHÃO, 02 de outubro de 2024 – A Polícia Federal (PF) investiga um complexo esquema de compra e venda de emendas parlamentares, envolvendo agiotas e parlamentares do Maranhão.
Embora a Procuradoria-Geral da República (PGR) tenha recentemente denunciado três deputados ao Supremo Tribunal Federal (STF), outros dois inquéritos, concluídos há cerca de dois anos, ainda aguardam decisão judicial.
A Operação Emendário, como foi batizada a investigação, revelou as atividades dos deputados Josimar Maranhãozinho (PL-MA), Bosco Costa (PL-SE) e Pastor Gil (PL-MA), além de prefeitos e empresas, com o objetivo de desviar recursos públicos.
A denúncia foi encaminhada ao ministro Cristiano Zanin, do STF.
NEGOCIAÇÃO DE EMENDAS
Durante a investigação, a PF encontrou mensagens no celular de Maranhãozinho que indicam uma negociação de emendas para o município de São José de Ribamar (MA), em parceria com o empresário Josival Cavalcanti da Silva, conhecido como Pacovan.
As conversas incluíam os outros dois deputados denunciados, além de uma planilha que detalhava a divisão do dinheiro desviado. Os parlamentares citados não responderam às tentativas de contato.
Pacovan, apontado como um dos agiotas envolvidos, foi assassinado a tiros em junho, na cidade de Zé Doca (MA). Segundo a Polícia Civil do Maranhão, a morte não está relacionada ao esquema de emendas, mas a uma disputa entre antigos sócios devido a dívidas.
EMENDAS PIX SOB INVESTIGAÇÃO
Outro foco das investigações são as chamadas “emendas Pix”, modalidade de repasse orçamentário criada em 2019. Essa categoria, que movimenta bilhões, dificulta o rastreamento de recursos, já que não há clareza sobre o destino final das verbas.
O orçamento de 2024 prevê R$ 8,2 bilhões para esse tipo de emenda, o que coloca o instrumento no centro das investigações da PF.
Além da Operação Emendário, outras investigações contra Maranhãozinho estão em andamento, como a Operação Descalabro, de 2021, que flagrou o deputado manuseando grandes quantias de dinheiro, supostamente desviadas de emendas.
Outra operação, a Engrenagem, apura o envio de recursos para a mesma obra por meio de dois ministérios diferentes.
O ministro-chefe da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, afirmou desconhecer o envolvimento de agiotas e corretores na compra e venda de emendas parlamentares.
Ele destacou que casos como esse são investigados pela Controladoria-Geral da União (CGU) e pela Polícia Federal.