Os mesmos grupos que afirmam “opressão” são apoiados pelos principais meios de comunicação, pelo governo e pelas grandes corporações.

Há uma visão romantizada de que os movimentos juvenis de esquerda são a onda do futuro e estão no “lado certo da história”. O estereotipado jovem idealista é considerado um radical de esquerda que apoia movimentos como o Vidas Negras Importam e causas ambientais e o socialismo. As opiniões dos jovens são geralmente representadas por figuras como a anticapitalista Greta Thunberg ou a jovem congressista socialista Alexandria Ocasio-Cortez.

De acordo com um inquérito realizado pelo Instituto de Assuntos Econômicos, 67% dos jovens dizem que gostariam de viver num sistema econômico socialista e 75% concordam com a noção de que “o socialismo é uma boa ideia, mas falhou no passado porque foi mal feito.”

É claro que o capitalismo e os valores tradicionais são fortemente estigmatizados entre a Geração Z. Quando jovem, senti-me isolada dos meus pares quando argumentei contra o socialismo e o progressismo. Muitos dos meus amigos com opiniões semelhantes às minhas sentem a necessidade de se censurar para se encaixar.

O socialismo e o esquerdismo são, sem dúvida, populares na minha geração. Mas vale a pena perguntar: será que estas ideologias se originam organicamente de novos olhos que veem as injustiças do mundo e querem rebelar-se contra um sistema opressivo, ou existe outra explicação para a razão pela qual estas crenças se tornaram tão populares?

Rebelde com causa

Há uma tendência que pode nos ajudar a responder a essa pergunta. Embora os jovens fiquem muitas vezes zangados com as questões do seu tempo, as soluções que defendem são muitas vezes aquilo que causou o problema em primeiro lugar.

A crise imobiliária na Grã-Bretanha é um bom exemplo. Os jovens veem agora a aquisição de casa própria como um sonho irrealista, uma vez que os preços das casas no Reino Unido dispararam nas últimas décadas. De acordo com a sondagem da AIE, 78% dos jovens atribuem a crise ao capitalismo e acreditam que a solução requer uma intervenção governamental em grande escala através de medidas como o controle das rendas e moradias públicas. No entanto, não reconhecem que a razão pela qual a habitação é tão cara é porque existe uma escassez de habitação devido às restrições governamentais à construção.

Uma atribuição de culpa semelhante caracterizou o movimento Occupy em 2011, que foi uma resposta à Grande Recessão de 2008. Os jovens manifestantes exigiram mais regulamentação governamental para Wall Street com o grito de guerra de que “nós somos os 99%”. Contudo, a realidade é que foi a interferência do governo no sistema financeiro que causou a recessão.

Os jovens que procuram soluções que apenas agravariam o problema não são novidade. Tal como descreve o economista Ludwig von Mises no seu livro Burocracia, a ascensão do movimento juvenil na Alemanha antes da Primeira Guerra Mundial foi uma reação à falta de oportunidades do regime burocrático. Contudo, o movimento juvenil não tinha uma compreensão clara do problema e queria expandir o sistema em vez de lutar contra ele.

     “O movimento juvenil foi uma expressão do desconforto que os jovens sentiam face às perspectivas sombrias que a tendência geral para a arregimentação lhes oferecia. Mas foi uma rebelião falsa condenada ao fracasso porque não se atreveu a lutar seriamente contra a crescente ameaça do controle governamental global e do totalitarismo. Os tumultuosos pretensos desordeiros eram impotentes porque estavam sob o feitiço das superstições totalitárias. Eles se entregavam a tagarelices sediciosas e entoavam canções inflamadas, mas queriam, antes de tudo, empregos públicos.”

Repetidas vezes podemos ver que os movimentos juvenis que alegadamente lutam contra o sistema estão, na realidade, dão poder a ele.

Radicalmente não radical

E isso não é coincidência. Muitas vezes, os jovens promovem inadvertidamente o sistema, porque o próprio sistema os manipula.

Os movimentos modernos defendidos pelos jovens de hoje são apresentados como anti-sistema e de base. No entanto, os mesmos grupos que afirmam “opressão” são apoiados pelos principais meios de comunicação, pelo governo e pelas grandes corporações.

Embora os esquerdistas afirmem que estão lutando contra o sistema ao defender o Black Lives Matter, o sistema está literalmente promovendo a sua causa, como demonstrado pelos líderes do BLM reunidos com membros do governo Biden. Isto também pode ser visto através da tentativa de enquadrar a ideologia trans como uma opinião anti-establishment. No entanto, o rei mostra-se nu quando se considera que o a Casa Branca mostrou sua lealdade ao movimento LGBT hasteando a bandeira do orgulho progressista ao lado da bandeira americana.

Os movimentos juvenis que hoje empoderam o sistema, em vez de se rebelarem contra ele, são paralelos à forma como os jovens desempenharam um papel fundamental na revolução cultural de Mao. Os estudantes foram encorajados pelo regime a rebelar-se e a invadir as casas dos inimigos de classe e a estigmatizá-los como párias sociais. Como escreveu o historiador Frank Dikötter no seu livro A Revolução Cultural: A História do Povo, 1962-1976, Mao acreditava que “a ingenuidade e a ignorância da juventude eram virtudes positivas”, porque as tornavam mais manipuláveis.

Mais um tijolo na parede

Além disso, as causas defendidas como “movimentos juvenis” são muitas vezes apenas movimentos defendidos por professores e empurrados para os seus alunos. A página do Twitter do Libs of TikTok demonstra como a teoria radical de gênero foi promovida na educação por professores radicais de esquerda nos Estados Unidos. Da mesma forma, no Reino Unido, um vídeo tornou-se viral online apresentando um professor referindo-se a um aluno como “desprezível” devido à sua falta de respeito pela identidade de gênero de outro aluno que se identificou como um gato.

A teoria do gênero também recebeu apoio institucional no Reino Unido, onde organizações sem fins lucrativos, como Stonewall e Mermaids, forneceram recursos e lições sobre gênero para escolas de todo o país. Seria algo espantoso que tantos jovens se alinhem com pontos de vista esquerdistas quando estes pontos de vista estão sendo fortemente promovidos no nosso sistema educativo e dizem aos jovens que eles são maus se simplesmente discordam?

Murray Rothbard, em The Progressive Era, explica como os jovens estiveram na frente da causa da proibição, em parte devido à promoção da causa no sistema de ensino público:

     “Os jovens estavam tornando-se mais pietistas e mais militantes proibicionistas do que os mais velhos. A juventude pietista exalava um ódio profundo pelos bares, expresso através das Sociedades Cristãs de Jovens e dos programas de Escola Dominical Interdenominacional. O W.C.T.U. [A União Feminina Cristã de Temperança], em parte por meio de suas aulas de higiene altamente bem-sucedidas nas escolas públicas, conseguiu alistar 200.000 jovens em sua afiliada, a Legião Leal da Temperança.”

Os verdadeiros rebeldes

No entanto, também houve autênticos movimentos juvenis por causas genuinamente nobres. Um exemplo notável disso são os Pais Fundadores americanos, que tinham em sua maioria menos de quarenta anos quando lutaram na Guerra Revolucionária. Conforme referenciado no musical, Hamilton ainda era um jovem adulto quando lutou na batalha pela independência. A razão pela qual a jovem revolução libertária que libertou os EUA e o Ocidente estava realmente “do lado certo da história” foi que se baseou em boas ideias e não foi conduzida por tiranos para os seus próprios interesses.

Portanto, se você é um jovem que não está do lado dos movimentos da moda, não se sinta mal, pois esses movimentos nem sempre estão do “lado certo da história”. Embora os movimentos juvenis sejam frequentemente vistos com lentes cor-de-rosa, a realidade é que os jovens têm estado frequentemente do lado de movimentos que promovem um governo grande e limitam a liberdade. Mas isso não é rebeldia. Os verdadeiros rebeldes são aqueles que lutam contra a tirania, não aqueles que a sustentam.

centrão
Desmistificando a muleta retórica, e falsa, usada pelos vermelhos para constranger deputados que não são esquerdistas doentes.

SÃO LUÍS, 15 de setembro de 2023 – A negação da natureza humana e da realidade estão afundando a sociedade em um fosso de incapacidade de percepção coisas mais evidentes. Faz tempo que quero falar sobre essa safadeza chamada “centrão”. De como o caráter pejorativo do termo é criação de jornalista salafrário e que, no fundo, guarda em si um caráter extremamente antidemocrático.

É estranho ouvir cobranças que só são cobradas dos outros. Cobranças que, se questionados por poucos minutos, desmoronam na irrealidade, manipulação e fantasia.

É estranha a exigência do impossível. Algo que geralmente esconde artimanhas subterrâneas.

Vamos pelo começo

A imprensa livre é uma conquista da sociedade, bem como a liberdade de expressão da opinião pública. Juntas, as duas ajudam a fundamentar a base do que chamamos de democracia.

Acontece que, por serem coisas humanas, nenhuma das duas é infalível. Ou melhor: nenhuma das três!

Foi pela opinião pública que o nazareno acabou crucificado no lugar do bandido. E a lista de escolhas duvidosas é infindável.

E se, por vezes, é equivocada a opinião da maioria, é por óbvio aceitar que a imprensa falhou, falha e falhará miseravelmente em algumas de suas notícias e opiniões.

Se chegou até aqui, é claro que você não considera a opinião pública infalível e muito menos a imprensa como ferramenta fiel de descrição da realidade.

Então, vamos demolir esse mito chamado centrão.

A origem da enganação

Entre a lista de desserviços da imprensa brasileira no debate político está o uso indiscriminado do termo “centrão”. Usado pela primeira vez após o fim do regime militar, na década de 1980.

E o que é o centrão? Um grupo de parlamentares de viés governista que garantiu, de lá até aqui, a governabilidade de absolutamente todos os presidentes eleitos desde a redemocratização. Começou no governo Sarney, seguiu-se com Collor, Itamar, FHC, Lula, Dilma, Temer, Bolsonaro e agora retorna com Lula.

Em absolutamente todos estes governos a base de sustentação foi o centrão. Logo, não existe centrão. O que existe é centro, centro democrático.

Só que, ao invés de ser apresentado por sua grande virtude, que é a estabilidade política, o centro democrático foi apresentado como uma espécie de deformação política. E isso porque este apoio político, que garante a governabilidade, possui um custo.

“Custo, Linhares? É sério?”

O impossível não é uma possibilidade

Será que há alguém nesse mundo que sai de casa pela manhã e espera viver da generosidade das boas intenções de todo o resto do mundo? Se você acredita nisso, pare por aqui. Apenas canalhas oferecem utopias quando se está falando de política.

Sim, essa é uma verdade incômoda. Soa agressiva nos ouvidos. Tem um viés catastrófico e indesejável. Só que se trata da mais pura e absoluta realidade. Ninguém em sã consciência empenha sua vida, seus planos e metas na boa vontade alheia.

Apoio político tem custo em absolutamente todo lugar de toda a Terra em qualquer momento da história da humanidade. Mais custoso em alguns momentos, menos custoso em outros? Dado por causas nobres? Extorsão em outras vezes? Sim, é assim. Só que sempre custoso. Dizer o contrário é negar a realidade. Não existiu, não existe e nunca existirá ambiente político sem negociação.

Entre as principais metas da política é indiscutível a chegada ao poder. Ninguém duvida disso. Se você, caro leitor, acredita na democracia, então deve achar natural que a chegada ao poder seja dada pela partilha do… poder. É assim no Brasil, é assim em qualquer lugar do mundo. Só não há negociação e contrapeso em ditaduras. Só não existe centro pendendo pro lado e pro outro em regimes autoritários.

O que se faz com essa partilha do poder pode até ser motivo de questionamento. Aí entra outra meta, essa mais teórica do que prática, da política: o bem comum. Se essa partilha irá ter como fim o bem comum, ou não, cabe um debate. A divisão do poder, em si mesma, é algo intrínseco das democracias. Seja em um governo concernente aos anseios do povo ou desconexo deles, o centro sempre estará lá negociando.

Por que odeiam tanto o centro democrático?

O centrão é tratado pela militância hegemônica esquerdista de redação como uma quadrilha de marginais sanguessugas, certo? Errado! Depende da situação. E todo conceito político que se contorce de acordo com a situação é construção de charlatões.

Um breve histórico de como a imprensa militante tratou o centro democrático. Com Sarney, era ruim. Quando tirou Collor, ficou bom. Veio FHC, voltou a ser ruim. Eleito Lula, veio mensalão, era bom. Rompeu com o governo, elegeu Severino Cavalcante, virou ruim. Reatou com Lula, ótimo. Deu sustentação à eleição e Dilma, maravilhoso. Apoiou a reeleição, lindo demais. Pulou da catástrofe e votou o impeachment, virou o demônio. E assim vem sendo até os dias atuais.

O fato é que a bússola da militância de redação sobre o que escrever sobre o centro é o caminho da esquerda. Se está com a esquerda, bom. Se está contra, ruim.

Setores da imprensa odeiam o centro porque gostariam que este fosse um cachorro da esquerda. Da mesma forma que o são estes próprios setores. Democratas de meia-tigela.

O problema são os custos? Sério?

E qual a bússola do centro? Ser governo! O que significa garantir ao eleito pelo povo a governabilidade. Quem chega ao poder pela vontade do povo, governa.

Dada a rendição do Judiciário, parlamentares do centro hoje são a única barreira contra possíveis arroubos da esquerda velhaca e a direita infantil. Enquanto houver centro, o país possui um seguro de que não será tragado por um dos lados e nem ser afogado em uma guerra civil política que torne o país ingovernável.

O mais cético chegou até aqui martelando os “custos” como argumento. Pois bem, aqui vai outra verdade inconveniente: qual a porcentagem de parlamentares e políticos eleitos sem fazer valer estes “custos” em suas reeleições?

No fim das contas, o “custo” do apoio é investindo em campanhas. Então, chegamos ao ponto chave: a qualidade de quem negocia apoio é determinada pela qualidade do voto de quem os elege. Em suma, o povo.

O centro democrático é inevitável. Bem como negociações por poder e apoio em uma democracia.

Se há um problema neste sistema, ele está na consciência de quem vota.

“Não é nenhum crime ser ignorante em economia, a qual, afinal, é uma disciplina específica e considerada pela maioria das pessoas uma “ciência lúgubre”.  Porém, é algo totalmente irresponsável vociferar opiniões estridentes sobre assuntos econômicos quando se está nesse estado de ignorância.” – Murray Rothbard, “A propriedade privada e o desejo de morte dos anarco-comunistas

A escola austríaca de economia se coloca como um farol, iluminando o caminho para a compreensão econômica através de uma perspectiva que diverge marcadamente das metodologias de experimentação controlada e observação empírica que definem as ciências naturais. Em vez disso, a economia austríaca desnuda as verdades atemporais dos fenômenos econômicos através da arte do raciocínio dedutivo, extraindo seu poder de axiomas autoevidentes que sustentam a intrincada trama da vida econômica.

Esse afastamento das normas científicas convencionais repousa sobre dois pilares fundamentais. Em sua essência, a economia preocupa-se em decifrar a elaborada coreografia da ação humana, impulsionada não pelas certezas lineares que governam o reino físico, mas pelas intrincadas nuances dos desejos subjetivos. Em contraste com a previsibilidade da matéria e do movimento, a tela sobre a qual o comportamento humano proposital é pintado desafia as tentativas de segmentação ou manipulação dentro de ambientes controlados.

A sinfonia da economia cresce a partir da miríade de notas tocadas pelos indivíduos, cada um tecendo sua narrativa dinâmica única através do tecido de circunstâncias pessoais, conhecimentos, expectativas e valores. Não existem alavancas de controle para ajustar ou experimentar dentro deste reino.

Essa distinção fundamental é ainda exemplificada pela relutância da história em produzir experimentos controlados para a validação de teorias econômicas. Eventos históricos como a Grande Depressão são composições tecidas a partir de uma complexa interação de inúmeros fios causais, permitindo que escolas de pensamento rivais extraiam interpretações divergentes de momentos compartilhados no tempo.

Ao contrário do percurso empírico das ciências naturais, a base dos princípios econômicos encontra suas raízes no terreno fértil da lógica dedutiva, brotando de axiomas autoevidentes sobre a ação humana: que os indivíduos agem com propósito e valorizam subjetivamente os bens. Os princípios de oferta e demanda , utilidade marginal , custo de oportunidade e dinâmica de incentivos não são meras observações, mas implicações meticulosamente derivadas desses axiomas fundamentais.

Os dados empíricos, embora lancem luz sobre as leis econômicas, não exercem o poder de oferecer provas definitivas ou refutação dessas leis. Estruturas econômicas rivais podem coexistir, apesar de se basearem na mesma fonte empírica. Deduções que permanecem impermeáveis a dados históricos contrários permanecem firmes como a base da ciência econômica.

Sabe-se que os detratores afirmam que as deduções da escola austríaca carecem de relevância sem verificação empírica. No entanto, os axiomas centrais sobre os quais essas deduções se baseiam são imunes às limitações dos dados empíricos. Além disso, a análise econômica austríaca tem demonstrado repetidamente a sua capacidade preditiva. Por exemplo, considere a teoria dos ciclos econômicos de Ludwig von Mises.

Décadas antes da crise financeira de 2008, Mises elucidou como booms insustentáveis semeiam sua própria destruição, impulsionados por taxas de juros distorcidas e sinais de produção devido à expansão do crédito. Sua previsão de uma eventual recessão devido às políticas inflacionárias do banco central soou verdadeira quando a crise finalmente se desenrolou. Enquanto outros tropeçaram em modelos estatísticos, aqueles que abraçaram a dedução entenderam a essência da crise.

Os críticos também questionaram o realismo da abordagem da escola austríaca, contrastando os atores racionais dos modelos econômicos com a irracionalidade do mundo real. No entanto, as leis dedutivas da economia não procuram prever resultados específicos, mas oferecem estruturas interpretativas. Como bem explicou Mises, “a economia, como ramo da teoria mais geral da ação humana, lida com toda a ação humana, isto é, com a finalidade do homem visando a obtenção dos fins escolhidos, quaisquer que sejam esses fins”.

Ao deduzir implicações do alicerce da ação humana proposital, a economia alcança um nível de universalidade e permanência que a análise empírica não pode igualar. Embora a observação empírica possa iluminar instâncias específicas, é o reino da dedução que desvenda os mecanismos atemporais que governam os fenômenos econômicos.

A microeconomia serve como um excelente exemplo. Embora a realidade possa se desviar dos postulados teóricos, deduções como as que regem a oferta e a demanda fornecem insights sobre mecanismos duradouros que transcendem os limites do tempo e do lugar. É aqui que a dedução triunfa sobre a mineração de dados ao revelar a dinâmica essencial da coordenação de preços.

Em essência, testes empíricos e raciocínio dedutivo não são diametralmente opostos. Pelo contrário, eles podem se complementar harmoniosamente, aumentando a compreensão tanto dos aspectos atemporais quanto dos aspectos contingentes da ciência econômica. A escola austríaca ergue-se, assim, como um pilar fundamental do conhecimento econômico, oferecendo a teoria dedutiva pura como um complemento à observação empírica.

A difusão do esclarecimento econômico: um dever cívico

A verdadeira potência dessas ideias econômicas se desenrola quando elas permeiam a consciência coletiva. Quando mitos e falácias econômicas se infiltram na psique social, os políticos aproveitam esses equívocos para promover políticas movidas por uma lógica defeituosa.

Mesmo diante de séculos de endosso intelectual às virtudes do livre comércio, o espectro do intervencionismo continua a pairar, um testemunho da persistência de duradouras ilusões mercantilistas de que o comércio corrói os empregos domésticos. Esses equívocos concedem aos governos o poder de influenciar o sentimento público, abrindo caminho para políticas que atrapalham, em vez de facilitar, o avanço da sociedade.

Sob esse prisma, os economistas assumem uma dupla responsabilidade: esclarecer o leigo e fomentar nele o apreço pela dinâmica do mercado, bem como armar os cidadãos com as ferramentas intelectuais para afastar o fascínio por intervenções equivocadas. Com a ênfase da escola austríaca na dedução, uma responsabilidade significativa recai sobre os economistas para tornar essas ideias econômicas fundamentais acessíveis e inteligíveis para o público em geral. Intelectuais e escritores também têm um papel a desempenhar na disseminação desses insights críticos para um público mais amplo. Ao difundir a sabedoria que desvela a harmonia oculta no âmbito da troca voluntária, pavimentamos o caminho para a emancipação social.

Ludwig von Mises enfatizou eloquentemente que esse dever de compartilhar o conhecimento econômico é inescapável. Aqueles que não se envolvem com questões econômicas e, em vez disso, depositam confiança cega nos chamados especialistas, entregam seu arbítrio e se submetem à dominação dos outros. Em nossa era atual, afirmou Mises, não há nada mais crucial do que a economia, pois os destinos das gerações presentes e futuras estão na balança. Para citar Mises diretamente:

Ninguém tem como fugir à sua responsabilidade pessoal. Quem – seja quem for – não usar o melhor de sua capacidade para examinar esses problemas estará voluntariamente submetendo seus direitos inatos a uma autodesignada elite de super-homens. Em assuntos tão vitais, confiar cegamente nos “entendidos” e aceitar passivamente mitos e preconceitos vulgares equivale a renunciar à sua própria autodeterminação e submeter-se à dominação de outras pessoas. Para o homem consciente, nada é mais importante na atualidade do que a economia. Está em jogo o seu próprio destino e o de sua descendência.

São muito poucos os que podem contribuir com alguma ideia que produza consequências para o acervo do pensamento econômico. Mas todos os homens sensatos precisam familiarizar-se com as lições da economia. Nos dias que correm, esse é um dever cívico primordial.

Queiramos ou não, o fato é que a economia não pode continuar sendo um esotérico ramo do conhecimento, acessível apenas a um grupo de estudiosos e de especialistas. A economia lida com problemas fundamentais da sociedade; concerne a todos e pertence a todos. É a preocupação mais importante e mais característica de todos os cidadãos.

Embora apenas alguns poucos possam contribuir com ideias originais para o campo da economia, o dever de familiarizar-se com os ensinamentos econômicos cabe a todo cidadão racional. Esta, sublinhou Mises, é a principal responsabilidade cívica na nossa sociedade moderna e torna-se a prossecução adequada de cada cidadão.

A economia, apontou Mises, é vital demais para ficar confinada aos domínios esotéricos da academia. Ela trata das questões fundamentais da sociedade e pertence à todos. Ao capacitar o público com uma compreensão profunda da economia, os economistas equipam os indivíduos com a capacidade de avaliar criticamente os mecanismos de mercado, expor mitos econômicos e resistir à atração de intervenções políticas equivocadas. A educação econômica de longo alcance fortalece a sociedade contra a influência destrutiva do utopismo coercitivo, fomentando uma cultura que valoriza a liberdade individual, o empreendedorismo e a prosperidade de longo prazo. Como tal, é nossa responsabilidade compartilhada disseminar vigorosamente a luz do raciocínio econômico, banindo a névoa da falácia e desbloqueando o potencial ilimitado da humanidade.

Lula
Governo Lula reduziu impostos para carros elétricos de luxo e aumentou para pequenas compras em sites como Shopee, Shein e Aliexpress.

BRASIL, 12 de agosto de 2023 – Enquanto enfia a mão no bolso da população mais pobre que faz compras em sites internacionais com uma taxa pornográfica de 92%, governo Lula derruba taxas de carros elétricos importados e facilita a vida dos ricaços brasileiros que querem luxar no trânsito. Cai imposto do rico e sobe imposto para o pobre.

A TRAJETÓRIA DA FARSA

Nos últimos meses a taxação de produtos importados de grandes sites como Shopee, Shein e Aliexpress gerou polêmica entre a população brasileira. Enquanto opositores de Lula alertavam para os impostos que iriam recair sobre a população, governo e aliados negavam a medida. Até a primeira-dama, Janja, chegou a mentir descaradamente sobre “impostos pagos apenas pelos empresários”.

O mês de agosto revelou a realidade que Lula, Haddad e os acólitos do novo governo queriam esconder: o governo iria taxar de forma pesada compras em sites estrangeiros. Operações feitas, em sua grande maioria, pela população de classe média baixa e pobre do país.

A isenção para produtos der até $50 (cerca de R$ 250), foi abolida. Agora, paga-se 17%. Caso ultrapasse este valor, será de 92%.

TIRA DOS RICOS

Enquanto despeja sobre a base da população uma taxa de impostos escandalosa, o governo federal, que se diz defensor dos pobres, cortou brutalmente a taxação sobre carros elétricos. Dois meses antes de enfiar nos pobres, Lula e Haddad tiraram dos ricos.

A Medida Provisória (MP) n.º 1.175 estabeleceu diminuição de taxas que chegam a 35% nos chamados “carros sustentáveis”. Como não poderia anunciar que a medida visava garantir à elite do país preços acessíveis na aquisição do carro elétrico da moda, inventou essa conversa fiada de “carros sustentáveis”.

Dados da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE) mostram que a atitude do governo teve efeito imediato. O número de carros elétricos comprados por grã-finos e grã-finas do país aumentou mais de 50% no primeiro semestre de 2023.

O desconto nos impostos gerou um deficit de R$ 2 bilhões em receitas, era preciso repor.

Como se não bastasse a diminuição dos impostos, Lula ainda pretende criar uma linha de crédito para que a elite possa comprar carros elétricos.

ENFIA NOS POBRES

Poucos meses após facilitar a vida dos ricos, Lula mandou a conta aos pobres. Veio o anúncio da taxação que o governo tanto se esforçou para desmentir. O custo dos carros elétricos luxuosos nas garagens dos prédios chiques irá ser a roupa, eletrônico, acessório e peça que chegava pelo correio na periferia.

O roteiro incontestável da enganação.

Toda vez que ver uma “bacana” desfilando em um carro elétrico altamente computadorizado, saiba que ela não pagou imposto. Saiba que esse imposto foi relocado aos pobres que costumavam comprar muito pagando pouco em sites internacionais e agora vão comprar menos pagando muito.

Esse é o Brasil.

Thomas Sowell nos deu uma crítica penetrante à abordagem da justiça adotada por muitos filósofos políticos, especialmente John Rawls e seus inúmeros seguidores. Ele diz que eles constroem uma imagem de como a sociedade deveria ser, mas não perguntam se seus planos são viáveis. Sua crítica é bem feita, embora ele não ofereça uma explicação adequada dos direitos que as pessoas têm.

Ele diz sobre Rawls:

Em grande parte da literatura de justiça social, incluindo o clássico Uma teoria de justiça, do professor John Rawls, várias políticas têm sido recomendadas, com base em sua conveniência do ponto de vista moral – mas muitas vezes com pouca ou nenhuma atenção à questão prática de se essas políticas poderiam de fato ser realizadas e produzir os resultados finais desejados. Em vários lugares, por exemplo, Rawls se referiu a coisas que a “sociedade” deveria “organizar” – mas sem especificar os instrumentos ou as viabilidades desses arranjos.

Mais adiante, Sowell observa que “a exaltação da desejabilidade e a negligência da viabilidade, que Adam Smith criticou, ainda hoje é um ingrediente importante nas falácias fundamentais da visão de justiça social”.

Sowell concorda com Rawls que muitas desigualdades nas condições das pessoas parecem arbitrárias e injustas se vistas como o resultado de um plano. Mas, uma vez que percebemos que em um mercado livre não existe tal plano, é evidente que a crítica ao mercado sob o argumento de que ele permite desigualdades injustas é descabida. A vida é apenas “assim”, e as tentativas de desfazer essas desigualdades provavelmente fracassarão e terão resultados ruins.

O argumento de Sowell segue Friedrich Hayek, sobre quem ele diz:

    Claramente, Hayek também via a vida em geral como injusta, mesmo dentro do livre mercado que ele defendia. Mas isso não é o mesmo que dizer que ele via a sociedade como injusta. Para Hayek, a sociedade era uma “estrutura ordenada”, mas não uma unidade decisória ou uma instituição que agia. É isso que os governos fazem. Mas nem a sociedade nem o governo compreendem ou controlam todas as muitas e muito variadas circunstâncias – incluindo um grande elemento de sorte – que podem influenciar o destino de indivíduos, classes, raças ou nações.

Como exemplo, Sowell cita estudos que mostram que os primogênitos tendem a ser mais bem-sucedidos academicamente do que as crianças que têm irmãos ou irmãs mais velhos. Isso é algo que requer ações corretivas por parte do governo? ele pergunta. A própria ideia já é ridícula. Devemos, pensa Sowell, simplesmente viver e deixar viver.

É certamente verdade, como sugere Sowell, que as questões de viabilidade restringem severamente o que aqueles que buscam “justiça social” podem fazer, mas ele não mostrou que essas questões reduzem o espaço de ação a nada. Às vezes, ele implicitamente postula uma falsa antítese entre a rejeição total da justiça social e a aceitação de uma concepção abrangente de justiça social que ele chama de “justiça cósmica”, que tentaria corrigir todas as desigualdades consideradas imerecidas. (Apresso-me a acrescentar que rejeito completamente a justiça social, mas defender adequadamente essa posição requer uma consideração de direitos, o que Sowell não fornece.)

Em apoio à sua crítica à justiça social, Sowell faz um argumento dúbio. As pessoas que apoiam a justiça social muitas vezes tomam como um de seus principais exemplos a necessidade de programas especiais para ajudar os negros, porque a discriminação contra eles, tanto no presente quanto no passado, os colocou em uma grave desvantagem em relação aos brancos. Mas as evidências empíricas não apoiam a afirmação de que as desigualdades atuais de renda entre negros e brancos decorrem principalmente do tratamento discriminatório, argumenta.

Sowell é um mestre em implantar evidências, e qualquer um que queira desafiá-lo sobre a causa da desigualdade enfrenta uma tarefa difícil, se não totalmente impossível. Mas um defensor da justiça social pode argumentar que a exigência de corrigir o tratamento discriminatório não é uma reivindicação empírica sobre as fontes da desigualdade atual, mas uma demanda moral. As pessoas que defendem esta opinião podem pensar que, mesmo que agora estejamos muito bem, ainda temos direito a uma indemnização se tivermos sofrido discriminação. (Mais uma vez, não sou a favor dessa visão, muito pelo contrário; mas uma resposta adequada a ela deve envolver a teoria moral.)

É mais importante, porém, ter em mente a força do argumento de Sowell do que suas limitações. As questões de viabilidade limitam sobremaneira o alcance da justiça social, mesmo que não a excluam completamente. E podemos concordar mais sem reservas com outro excelente ponto que Sowell faz. Ele diz:

Ironicamente, muitas elites intelectuais – antigamente e agora – parecem considerar-se promotores de uma sociedade mais democrática, quando se antecipam às decisões alheias. Sua concepção de democracia parece ser a equalização de resultados, pelas elites intelectuais. Isso conferiria benefícios aos menos afortunados, em detrimento daqueles que esses substitutos consideram menos merecedores. [Woodrow Wilson] favoreceu o governo por meio de tomadores de decisão substitutos, armados com conhecimento e compreensão superiores – “perícia executiva” – e facilitados pelo público votante. A resposta de Woodrow Wilson às objeções de que isso privaria as pessoas em geral da liberdade de viver suas próprias vidas como bem entendessem, foi redefinir a palavra “liberdade”. . . . Ao simplesmente retratar os benefícios fornecidos pelo governo – dispensados por tomadores de decisão substitutos – como uma liberdade adicional para os beneficiários, o presidente Wilson fez desaparecer a questão da perda de liberdade das pessoas, como se fosse um truque verbal.

Sowell fez um ponto vital. Você é livre se os outros não agredirem sua pessoa e propriedade; se eles agridem, mas lhe dão benefícios, você não está livre. Sowell eloquentemente diz:

 As “complexidades” dessa definição wilsoniana de liberdade são certamente compreensíveis, uma vez que fugir do óbvio pode se tornar muito complexo. Quando Espártaco liderou uma revolta de escravos, nos tempos do Império Romano [República], ele não estava fazendo isso para obter benefícios do estado de bem-estar social.

Como o bispo Joseph Butler observou há muito tempo, “tudo é o que é, e não outra coisa”.

Hoje pela manhã eu acordei com um som diferente na minha janela. O diário cântico dos pássaros foi substituído pelo som de asas batendo. Era você, menina? Descanse em paz, Luh.

Falar de vida e morte quase sempre não é difícil. Porque na maioria absoluta das vezes as pessoas vivem vidas comuns, são pessoas comuns. Desde que não se trate de alguém com feitos absolutamente extraordinários, aos olhos dos outros somos todos comuns. Somos fáceis.

Falar de vida e morte em algumas outras situações é dificílimo. Porque em algumas situações são pessoas que viveram vidas extraordinárias. Por favor, não confunda vida extraordinária com ostentação vazia e felicidade forjada. Grandes vidas são feitas de puro amor, amor incondicional. Grandes vidas são feitas de lutas tortuosas e batalhas incansáveis. Grandes vidas são feitas de coisas que redes sociais não podem divulgar, que toneladas de likes não podem entender, de coisas que dinheiro não pode comprar e por mundos que os mentes limitadas não conseguem imaginar.

Grandes vidas… Eu não acredito em perfeição, nunca acreditei. Só que em algumas vezes ela bate às portas da minha consciência trazida por pessoas tão imperfeitas. Eu sei, é meio paradoxal. Vamos lá.

Algo humano não significa ser humano. Sendo assim, se existe algo humano perfeito, ele só pode ser alcançado por pessoas imperfeitas. Porque a perfeição não é uma condição, é um estado passageiro. É perfeito por breves momentos, por poucos dias, por alguns minutos. É perfeito durante uma respiração apenas, um sorriso, um toque na mão, um beijo, um abraço, um “bom dia”. Nada humano é eternamente perfeito. Porque nós, humanos, em nossa imperfeição, somos temporários.

Você era uma dessas pessoas perfeitas em sua imperfeição, Luh. E deixe-me explicar por quê.

Em um mundo de pessoas tão frágeis, de pessoas tão exigentes por reconhecimento advindo de bobagens como cor de pele, genitália, condição social. Em um mundo de orgulho derivado de fantasias sexuais coletivas. Em um mundo de vítimas, de coisas feias e superficiais. Um mundo de pessoas que se acham fortes ao mesmo tempo em que desmoronam com simples palavras. Um mundo de empoderamento fundamentado em poder conseguido por meio de concessões obrigatórias. Neste mundo você escolheu ser belíssima, ser sorridente, ser forte, uma mulher rochedo. Escolheu viver a sua batalha sem transformar-se em escrava dessa batalha. Sempre sorridente, sempre linda, sempre imperfeitamente forte.

Li em algum lugar que você “perdeu a batalha”. Quanta tolice! Se morrer é perder, quem irá vencer no final? Vitória e derrota não são determinadas por quem vive e quem morre. O maior e mais glorioso dos guerreiros, o mais reluzente, o mais heróico e corajoso pode deixar o campo de batalha em um caixão. E isso não significa que o covarde, aquele que passou toda a combate esgueirando-se e escondendo-se pelos cantos. O fraco que se rendeu ao medo e culpou outros por sua condição de vida. Apenas tolos acreditam que ele terá vencido por ter terminado vivo.

Você venceu vida e sua morte não irá apagar isso, Luh.

Deus, seus familiares e você mesma devem saber o quanto deve ter sofrido. O que não a impediu de realizar tanta coisa. Terminou a universidade, virou policial, deu dor de cabeço aos comunas… Sempre linda, sem um mínimo rastro de sua tragédia pessoal.

Já imaginou se tivesse tido mais tempo e não tivesse que carregar essa doença desgraçada?

Pois é… Em tão pouco tempo e com um dos maiores pesos que uma pessoa pode carregar, você foi lá e fez. E deixa uma rede social cheia de sorriso para quem não te conhece e esse sorriso bacana na memória de quem te conheceu.

Foi-se mais uma imperfeita que deu sua contribuição à perfeição.

Viveu, venceu e morreu. Se não tivesse morrido, teria vencido mais.

Parabéns, guerreira. Não tarda e a gente se encontra.

Propaganda

SEMINARIO DE FILOSOFIA

Gostaríamos de usar cookies para melhorar sua experiência.

Visite nossa página de consentimento de cookies para gerenciar suas preferências.

Conheça nossa política de privacidade.