
BRASIL, 12 de maio de 2025 – O Brasil registrou 45.747 mortes violentas em 2023, média de 125 por dia. Embora o dado ainda seja alarmante, representa uma queda de 1,4% em relação a 2022, que teve 46.409 vítimas.
O levantamento consta no Atlas da Violência 2025, divulgado nesta segunda (12) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).
A taxa nacional de homicídios caiu para 21,2 por 100 mil habitantes, o menor índice desde o início da série histórica, em 2013. Em 2017, auge da violência, foram 65.602 assassinatos e taxa de 31,8.
Desde então, a redução foi de cerca de 30% em números absolutos e 33% na taxa proporcional. Para os pesquisadores, o envelhecimento da população e mudanças na segurança pública explicam a tendência de queda.
Em 2023, 32.749 homicídios foram cometidos com arma de fogo, o que representa 71,6% das mortes violentas. Apesar de menor que em 2017 (49 mil), a arma de fogo segue como principal instrumento letal.
A taxa nacional de mortes por arma de fogo foi de 15,2 por 100 mil habitantes. Os estados com os piores índices foram Amapá (48,3), Bahia (36,6) e Pernambuco (30,8).
Entre as menores taxas de mortes por arma de fogo estão São Paulo (3,4), Santa Catarina (4,4) e Distrito Federal (5,3). O Atlas alerta para a correlação entre circulação de armas e aumento dos homicídios.
“O aumento da prevalência de armas tende a elevar a taxa de homicídios”, destaca o relatório, ao apontar fragilidades no controle do armamento no país.
A violência letal continua fortemente concentrada em determinadas regiões do Brasil, com Norte e Nordeste concentrando maior violência. Em 2023, 20 estados apresentaram taxas de homicídio acima da média nacional.
O Amapá lidera o ranking, com 57,4 homicídios por 100 mil habitantes. Na sequência aparecem Bahia (43,9) e Pernambuco (38). Já São Paulo (6,4), Santa Catarina (8,8) e Distrito Federal (11) registraram os menores índices.
Segundo o Atlas, 11 estados conseguiram reduzir suas taxas de homicídio de forma contínua na última década: SP, SC, DF, ES, GO, MG, PB, RN, RS, PA e SE.
Por outro lado, o Amapá teve um aumento de 88,2% nos homicídios entre 2013 e 2023. O estudo atribui o avanço à fragilidade das políticas públicas e ao crescimento do crime organizado na região.
O Atlas estima que 51.608 homicídios não foram registrados entre 2013 e 2023 — uma média de 4.692 por ano. São casos de mortes violentas mal classificadas ou subnotificadas.
Considerando essas estimativas, a taxa real de homicídios em 2023 sobe de 21,2 para 23 por 100 mil habitantes. O fenômeno é chamado de “homicídios ocultos”.
Em 2023, São Paulo teria deixado de registrar 2.277 homicídios, segundo o Atlas. A taxa estimada sobe de 6,4 para 11,2 por 100 mil habitantes.
Com isso, Santa Catarina assume o posto de estado menos violento do país, com 9 homicídios por 100 mil habitantes. Os autores alertam que a subnotificação compromete políticas públicas eficazes.
EVOLUÇÃO DA VIOLÊNCIA NO BRASIL (2013–2023)
Número absoluto de homicídios:
- 2013: 57.396
- 2017 (pico): 65.602
- 2019 (menor): 45.503
- 2023: 45.747
Taxa por 100 mil habitantes:
- 2013: 28,8
- 2017 (pico): 31,8
- 2023 (oficial): 21,2
- 2023 (com ocultos): 23,0