ENTRELINHAS

Apesar de negar, Brandão já tem plano A, B, C e D para São Luís

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Carlos Brandão
Filiação de Paulo Victor ao PSDB e corte de água da Prefeitura dão indícios fortes sobre o que pensa o governador em relação a eleições do ano que vem na capital maranhense.

DIÁRIO DE UMA PAIXÃO – O governador Carlos Brandão (PSB) negou publicamente estar envolvido nas eleições para prefeito de São Luís em 2024. Disse Brandão durante inauguração de um shopping em São Luís: “Eu não estou discutindo eleição de 2024”. A própria história de Brandão e os recentes fatos mostram que a declaração é bravata. 

Eleito deputado federal pela legenda em seu primeiro pleito, Brandão já foi presidente do partido. Inclusive, tornou-se vice-governador na coalisão que elegeu Flávio Dino em 2014 pelo PSDB (na época a maior legenda que compunha a aliança). Naquela eleição, Brandão chegou a colocar Aécio Neves e o ex-prefeito João Castelo no mesmo palanque de Flávio Dino.

Há história e há sentimento. O carinho de Carlos Brandão pelo PSDB é sabido por todos que o conhecem.

A GRANDE APOSTA – A ida do presidente da Câmara de Vereadores, Paulo Victor, para o PSDB, dá elementos para prever alguns dos acontecimentos que irão anteceder e ditar as eleições de 2024. A primeira e mais evidente delas: Paulo Victor é a primeira opção do governador Carlos Brandão e já há articulação para isso.

Além de ir para o PSDB, Victor deve levar consigo mais sete vereadores de São Luís.

Neste aspecto, é impossível que a ida de Paulo Victor para o PSDB não tenha as bençãos e anuência de Carlos Brandão. Aliás, o partido no estado é presidido pelo chefe de gabinete de Carlos Brandão, Sebastião Madeira.

A atuação de Brandão na elevação da campanha de Paulo Victor não é fruto de inícios, mas de fatos.

Hoje o candidato de Brandão tem nome e partido.

MISSÃO IMPOSSÍVEL – Por meses o prefeito Eduardo Braide tentou o apoio do governador para sua reeleição. Contudo, faz muito tempo que o ministro Flávio Dino pediu a Brandão apenas um compromisso nas eleições de 2024: não apoiar o prefeito.

Eduardo Braide carrega um título incômodo: foi o único a vencer Flávio Dino ao longo de sua década e meia de vida pública. Desde 2012, Flávio Dino só perdeu uma eleição: a de 2020 para Eduardo Braide.

Varrê-lo da política é uma questão e honra para Dino da qual Brandão não pretende mover uma palha para evitar.

O rancor de Dino por Braide chega ao ponto do ministro admitir apoio a outros desafetos, como o deputado estadual Neto Evangelista. Desde que Brandão não apoie e nem ajude Eduardo Braide.

Nesta semana a Companhia de Saneamento Ambiental do Maranhão (Caema) iniciou uma série de cortes de abastecimento em prédios da Prefeitura de São Luís. A ação resulta de um débito de R$ 150 milhões acumulados ao longo de dezenas de anos que não é de responsabilidade de Braide, mas que será pago pelo prefeito. Maior declaração de guerra do que essa não existe.

EFEITO BORBOLETA – O apoio a Paulo Victor é o plano A, a derrota do desafeto de Flávio Dino é o plano B. E o plano C? Aí entra a figura do deputado federal Duarte Jr. Adversário de Braide nas eleições de 2020, Duarte teve amplo apoio de Brandão naquelas eleições.

A disputa entre os dois era vista como o primeiro round da eleição de 2022. O segundo turno teve Braide, candidato de Weverton, enfrentando Duarte, candidato de Brandão.

Após a derrota, Duarte convocou uma reunião no Palácio dos Leões e culpou a todos, exceto a si mesmo, pela própria derrota. Ao lado de Duarte estava um cabisbaixo vice-governador Carlos Brandão ouvindo as reclamações daquele que lhe impôs a primeira derrota na longa batalha contra Weverton.

Depois do episódio, o apoio e entusiasmo de Brandão foram reduzidos a uma convivência meramente protocolar.

Acontece que Duarte é hoje o preferido do ministro Flávio Dino. Sua vitória, desde que ele consiga ir ao segundo turno, cairia na conta de Brandão e diminuiria a tensão entre Brandão e Dino.

O AMIGO OCULTO – Vitória de Paulo Victor, derrota de Braide, vitória de Duarte… E o plano D? Também candidato nas eleições de 2020, o deputado estadual Neto Evangelista nutre o desejo de disputar as eleições do ano que vem pelo todo poderoso União Brasil. Evangelista conseguiu um feito: ajudou a acabar com a guerra civil entre o ministro Juscelino Filho e o deputado federal Pedro Lucas Fernandes. A união no União garante a Neto a disputa da eleição. E Brandão?

Neto e Brandão foram correligionários na época em que o governador dava as Cartas no PSDB. Inclusive, o deputado já foi convidado a ajudar na “reconstrução do ninho tucano”.

Pelo perfil, por ter apoiado Braide em 2022 e ser abandonado logo após as eleições, muitos acreditam que Evangelista encarna melhor o “candidato anti-Braide”. Brandão sabe disso. E, também por isso, o deputado figura como plano D.

ZONA VERDE – Os “Planos de Brandão” são situações, positivas, negativas e indesejadas, que se apresentam. Nelas, a derrota de Braide e a vitória de Paulo Victor seriam a apoteose. Contudo, uma derrota do prefeito acompanhada da vitória de Neto Evangelista seria muito bem-recebida. Já a derrota de Braide e a ascensão de Duarte seria indesejada, mas razoável.

Como o prefeito apresenta certa tendência a buscar o apoio daqueles que lhe querem o mal (caso do próprio Flávio Dino), até uma vitória do próprio Eduardo Braide não seria catastrófica. Se, e somente se, não contar com uma ajudinha de Brandão. Independente do resultado, o fato é que as eleições de 2024 já começam com um vencedor.

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Respostas de 2

  1. Análise perfeita de uma disputa emblemática, acredito que a política e as nuvens tem tudo a ver. Logo veremos quem é quem.

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